Monumento em homenagem aos votuporanguenses que combateram na revolução de 1932 precisa de manutenção
Monumento em homenagem aos votuporanguenses que combateram na revolução de 1932 precisa de manutenção (Foto: Arquivo pessoal)
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuporanga.com.br
Hoje, dia 9 de Julho, Votuporanga e todo o Estado de São Paulo celebram os 93 anos da Revolução Constitucionalista de 1932. Mais do que apenas um feriado estadual, a data busca relembrar um movimento histórico de grande importância para a história política do Brasil e honrar os paulistas que lutaram pela autonomia do estado.
Justamente por conta de seu significado histórico, é que o historiador Ravel Gimenes, solicita desde 2024, que o monumento em memória aos votuporanguenses que participaram da revolução seja restaurado. O Obelisco Praça Nove de Julho, também conhecido como Obelisco da Revolução Constitucionalista de 1932, está degradado pela ação do tempo, o que motivou a reivindicação.
“Em 2024 solicitamos junto ao município a manutenção do monumento, reforçamos essa mesma manutenção no início de 2025. Todavia até o momento nada de efetivo foi realizado. Uma data tão importante para o povo Paulista vem se apagando a cada ano”, disse o historiador.
O monumento está situado na Praça Nozombu Abê, na Avenida Nove de Julho. “Existem manutenções a serem realizadas e até quem sabe uma iluminação diferenciada no local, portanto estamos sugerindo a administração municipal uma atenção quanto esse espaço”, completou Ravel.
O Obelisco
O monumento foi instalado pelo então prefeito Luiz Garcia De Haro, em 9 de julho de 1976 em homenagem a alguns combatentes que posteriormente escolheram Votuporanga para viver. A princípio foram eternizados os nomes dos combatentes Alfredo Rodrigues Simões, Aníbal Martins, Aziz José Abdo, Felício Gorayeb, Felipe Munhós, Hernani de Mattos Nabuco, Judith Freitas da Silva Saltini, Leônidas Pereira de Almeida, Luiz Saltini, Ofélia Catelli Jabur, Narciso Pelegrini, Olívio Araújo e Nelcíades de Oliveira.
Em 2017, após uma pesquisa histórica realizada pela Prefeitura de Votuporanga com o apoio do votuporanguense Jorge Xavier e dos familiares dos combatentes foram entronizados também mais três nomes: Affonso Sardemberg Van Haute, Alberto Teixeira Soares e João Carlos Botelho de Miranda.
A Revolução Constitucionalista de 1932
A Revolução Constitucionalista de 1932 foi uma reação das elites paulistas à perda de influência política ocorrida após a Revolução de 1930, quando Getúlio Vargas assumiu o poder, derrubando o presidente Washington Luís e encerrando a República Velha. Vargas havia se comprometido a convocar novas eleições e a promover uma Assembleia Nacional Constituinte, mas, em vez disso, fechou o Congresso e passou a governar por decretos, reduzindo a autonomia dos estados. O movimento de 1932 reivindicava a realização de novas eleições e a promulgação de uma nova constituição.
Acontecimentos
A insatisfação com a centralização do poder e a falta de uma nova constituição culminou em uma manifestação no centro de São Paulo, em 23 de maio de 1932, onde quatro estudantes foram mortos. As iniciais dos estudantes - Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo - formaram o símbolo "M.M.D.C.", que se tornou um emblema do movimento.
O conflito começou em 9 de julho de 1932, liderado pelo interventor Pedro Toledo, nomeado por Vargas. Apesar das expectativas de apoio de tropas de Minas Gerais e Rio Grande do Sul, o movimento contou principalmente com a ajuda da população paulista, que doou bens para financiar a revolta.
Confrontos armados intensos ocorreram entre as forças paulistas e as tropas federais, especialmente no Vale do Paraíba. Após meses de combates e muitas perdas, os paulistas se renderam em 2 de outubro de 1932, com um saldo de mais de 900 mortos.
Legado
Apesar da derrota militar, a Revolução Constitucionalista de 1932 conseguiu alcançar uma importante vitória política. Em 1934, uma nova Assembleia Constituinte foi convocada, resultando em uma nova constituição. O Congresso foi reaberto e os partidos políticos, que haviam sido extintos em 1930, foram restabelecidos.
Getúlio Vargas foi eleito presidente por eleições indiretas, e Armando Sales, interventor de São Paulo nomeado em 1933, foi eleito governador do estado pela constituinte estadual em 1935.
A memória da Revolução Constitucionalista de 1932 continua viva em São Paulo e é celebrada anualmente, lembrando a luta pela autonomia e pela democracia no Brasil.