Proposta não consta na ordem do dia, mas movimento interno tenta colher assinaturas para votação em regime de urgência
Movimentos nos bastidores da Câmara Municipal tentam emplacar um aumento de 10% para os servidores do Legislativo (Foto: Assessoria)
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuproanga.com.br
Uma manobra nos bastidores da Câmara Municipal de Votuporanga tenta emplacar um projeto, quase que às escondidas, para a concessão de um aumento de 10% nos salários de servidores do Legislativo. A proposta não consta na ordem do dia da sessão de segunda-feira (8), mas um movimento interno busca colher assinaturas para votação em regime de urgência.
Batizada de “reestruturação”, a proposta altera o Anexo I da lei que define os cargos da Câmara e promove a equiparação dos vencimentos de servidores efetivos e comissionados, estabelecendo remuneração próxima de R$ 7,8 mil para diversos cargos que hoje recebem valores diferentes. Com a aplicação de progressões e futuro dissídio, os salários podem superar R$ 10 mil a partir de 2026.
A reestruturação também prevê a retirada de gratificações específicas, redistribuindo parte dos valores como aumento percentual fixo a outros servidores. O ponto mais sensível do projeto é a equiparação entre cargos de níveis médio e superior, o que pode contrariar a Constituição Federal, que estabelece que a remuneração dos servidores deve considerar a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos.
Outra crítica levantada é a falta de transparência na tramitação. Conforme apurado pelo
A Cidade, a tabela completa com os novos valores não foi disponibilizada oficialmente aos vereadores nem ao público. Até o fechamento desta edição, aliás, o projeto ainda não havia sido oficialmente divulgado em sua íntegra no site da Câmara.
O projeto também retira do reajuste tanto o Controlador Interno quanto a Procuradoria Legislativa. Com isso, esses cargos permaneceriam com vencimentos inferiores aos de servidores de áreas técnicas e administrativas, mesmo exigindo formação superior específica e alto grau de responsabilidade funcional.
O maior ponto de discussão interna, porém, é em relação ao desgaste que o tema deve gerar entre os vereadores. Se rejeitam, ficam mal com os servidores da Câmara e, se aprovam, serão cobrados por reajuste semelhante para os mais de 3 mil funcionários da Prefeitura, mesmo que isso não dependa diretamente deles.