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O julgamento que inspirou ‘Invocação do Mal 3’

No caso, que ocorreu na década de 1980, um acusado de homicídio alegou que estava possuído por um demônio no momento do crime
publicado em 23/06/2021
O caso é estudado em faculdades de direito dos EUA até hoje (Foto: Reprodução/Warner Bros)

O caso é estudado em faculdades de direito dos EUA até hoje (Foto: Reprodução/Warner Bros)

O filme “Invocação do mal 3: A ordem do demônio” estreou no Brasil em junho e está em exibição no Novo Cine Votuporanga, na sessão das 16h30.

O longa conta a história de Arne Johnson, um rapaz americano que, em 1981, matou o proprietário do apartamento onde vivia e, quando levado ao tribunal, alegou que, no momento do crime, estava possuído por um demônio.

O caso

Segundo o próprio Arne Cheyenne Johnson explicou em entrevistas, ele era um cético em questões sobrenaturais até 1981. Naquele ano, seu cunhado de 12 anos, David Glatzel, começou a apresentar comportamentos estranhos. A família convocou os médiuns Ed e Lorraine Warren para auxiliá-los. O diagnóstico foi rápido: David estava possuído e precisava de um exorcismo imediatamente.

Ed se encarregou do ritual. De acordo com o casal Warren e com membros da família Glatzel, em dado momento Arne Johnson pediu que o espírito deixasse o menino em paz e entrasse.

Meses depois da sessão com os médiuns, quando David já se dizia bem, Arne Johnson matou Alan Bono, proprietário do apartamento onde morava junto com a namorada, Debbie, no estado de Connecticut.

Bono foi morto com cinco facadas e Johnson foi preso em flagrante a poucos quilômetros dali. Quando interrogado, afirmou que estava possuído por um demônio no momento do crime. O caso ficou conhecido como “O diabo me obrigou”.

O juiz não aceitou o argumento da possessão, afirmando que ela não poderia ser sustentada por evidências materiais. Ou seja, como a existência do sobrenatural não foi comprovada cientificamente e depende unicamente da fé individual, o argumento não seria aceito.

O júri popular – que originalmente estava inclinado a aceitar a ideia da possessão, mas foi impedido pelo juiz – decidiu a favor de Johnson, que evitou a pena de morte e foi condenado a 20 anos de prisão por homicídio culposo. Ele acabou cumprindo apenas um quarto da pena, por bom comportamento.

Mesmo quatro décadas depois do julgamento de Johnson, o caso segue sendo estudado em faculdades de direito dos Estados Unidos, servindo como um ponto de partida para discussões sobre a laicidade do sistema Judiciário do país e sobre como afirmações grandiosas e abstratas – que não podem ser provadas – podem impactar julgamentos.

*Com informações do jornal Nexo
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