Grávida disse que, diariamente, médicos atrasam ou faltam no Consultório Municipal; marido gravou vídeo mostrando as filas
Karolline Bianconi
karol@acidadevotuporanga.com.br
Uma gestante reclama do atendimento prestado por uma médica no Consultório Municipal “Dr. Joel Pereira dos Santos”, no Jardim Canaã/Colinas. A paciente procurou ajuda da Secretaria de Direitos Humanos para reivindicar melhorias. Depois disso, a profissional de saúde registrou boletim de ocorrência contra o esposo da grávida e também contra o titular da pasta de Direitos Humanos, Emerson Pereira, alegando que teria sido maltratada pelos envolvidos. Hoje, o casal presta sua versão na DDM (Delegacia de Defesa da Mulher), na parte da tarde.
Consulta
A dona de casa Fabrícia Carla dos Santos, 26, atualmente grávida de 8 meses, esteve em janeiro deste ano no consultório. Na época, ela estava com pouco mais de 5 meses de gestação. Fabrícia chegou às 6h30 para ser atendida às 7h. Na oportunidade, oito mulheres ainda estavam na fila aguardando atendimento. Por volta das 9h30, como a médica não chegava, ela procurou saber o que tinha acontecido, momento em que foi avisada que a especialista não compareceria.
Segundo Fabrícia, esta não é a primeira vez que ocorre descaso com os pacientes. “Os médicos chegam atrasados, não nos examinam direito. Ficamos horas na fila para nem sermos atendidos corretamente”, disse.
Denúncia
Em seguida, a paciente entrou em contato com o secretário de Direitos Humanos, Emerson Pereira, relatando o que acontecera. De imediato, Emerson ligou no consultório e conversou com a enfermeira-chefe do local, que alegou que não poderia fazer nada em relação ao atraso de médicos e dos respectivos profissionais em relação ao turno de trabalho que deveria ser cumprido.
Medo
Fabrícia disse que depois do ocorrido, foi hostilizada pela equipe do consultório por ter reclamado do atendimento. “Quando voltei lá, onde passavam as enfermeiras me apontavam dizendo ‘olha a mãe que denunciou a médica’. É algo muito chato, porque eu não fiz nada de errado, mas sim, cobrei por melhorias não só para mim, mas para quem precisa de atendimento”, frisou.
Vídeo
Romildo Raimundo de Souza, 32, que estava com a esposa no dia da consulta, fez um vídeo com o celular, mostrando a fila e a demora no atendimento. Ele postou o conteúdo em uma rede social que debate temas de Votuporanga, mas o documento foi excluído da página.
Ofício ao Ministério Público
A Secretaria Municipal de Direitos Humanos enviará ainda nesta semana um oficio ao Ministério Público de Votuporanga sobre o caso de Fabrícia.
Além disso, cobrará das autoridades do Judiciário uma investigação na atuação da médica no atendimento da gestante, pois não seria a primeira vez que ela teria desrespeitado pacientes com atraso em consultas.
Posição
Secretaria de Saúde vai abrir sindicância
Leidiane Sabino
leidiane@acidadevotuporanga.com.br
Procurada, a Secretaria Municipal de Saúde se manifestou sobre a questão que envolve o atendimento no Consultório Municipal “Dr. Joel Pereira dos Santos”, no Jardim Canaã/Colinas. O caso será apurado.
A responsável pela pasta, Fabiana Parma, informou que está ciente do problema, pois o desentendimento entre o secretário de Direitos Humanos, Emerson Pereira, e a médica, ocorrido em janeiro de 2014, gerou um boletim de ocorrência por suposta injúria, elaborado pela profissional de saúde.
“Foi solicitado que a paciente envolvida fizesse uma reclamação nas ouvidorias municipal ou Santa Casa. Esclarecemos que a insatisfação foi registrada na Secretaria de Direitos Humanos, que encaminhou hoje (quarta-feira, dia 9), a solicitação de abertura de sindicância, o que será realizado”, explicou Fabiana Parma para o jornal A Cidade.