Julgamento nesta semana é um dos mais aguardados da história recente da Comarca, devido à grande repercussão do crime
Jociano Garofolo
garofolo@acidadevotuporanga.com.br
Na próxima sexta-feira (11), o tribunal do júri do Fórum da Comarca de Votuporanga realiza um dos julgamentos mais aguardados da história recente do município. Há exatamente mil dias após assassinar a jovem Aline Barboza, de 23 anos, com golpes de canivete e também por queda do terceiro andar de um prédio no Parque das Nações, João Henrique Rodrigues Cassiano senta no banco dos réus para responder pelo crime de homicídio.
O julgamento terá início a partir das 9h, comandado pelo juiz Jorge Canil, e deve atrair o interesse da população, estudantes de Direito e a imprensa. O crime que chocou Votuporanga aconteceu no dia 16 de fevereiro de 2014. De lá para cá, o caso ganhou as manchetes por conta de ameaças feitas por Buiú após o crime em redes sociais, fuga que desafiou a polícia, outro homicídio de namorada cometido pelo réu e finalmente a sua prisão, em outubro do ano passado, no litoral paulista. (Confira a sequência dos acontecimentos abaixo )
No dia 21 de outubro, o juiz Camilo Resegue neto sorteou 25 nomes que deverão comparecer no tribunal para o julgamento. No início dos trabalhos, será realizado um novo sorteio em que sete pessoas irão formar o Conselho de Sentença, que irá julgar a autoria e a culpa do réu, para posterior sentença do juiz.
O crime gerou repercussão nacional na época por conta da fuga de Buiú após o crime, em que desafiou a polícia ameaçando familiares de Aline por meio de uma conta em uma rede social. João Henrique fugiu para o litoral pegando carona em trens, foi para Santos, onde um ano depois acabou matando também de forma cruel outra namorada, Mariângela Morais, que teve o corpo incendiado. No mês passado, ele foi condenado a 16 anos de prisão pelo homicídio no litoral.
Ele cumpre sua pena na região de Santos, mas no dia 11 de novembro, retornará escoltado a Votuporanga, onde será julgado.
Segundo a denúncia (acusação) do Ministério Público, João Henrique agiu por motivo fútil, valendo-se de meio cruel e empregando recurso que dificultou a defesa da vítima, desferiu golpes de canivete contra Aline, empurrando a moça da janela de um apartamento do “Edifício Grajaú”, ainda com vida.
O réu estava foragido, mas foi preso em outubro do ano passado. Segundo o MP, vítima e assassino mantiveram uma relação amorosa, que havia terminado na época do crime. Buiú não aceitava o fim do casamento e a ameaçava de morte, pois havia descoberto uma eventual traição por parte dela, durante o tempo em que ele estava preso.
No dia dos fatos, devido à insistência de João Henrique, a vítima foi até a casa dele, no apartamento, com objetivo de levar a ex-enteada dele para uma visita e para conversarem. Durante a conversa, a criança e a sobrinha da vítima, que a acompanhava, ficaram no pátio externo do edifício.
Na saída de Aline, Buiú teria trancado a porta, impedindo que a moça deixasse o local. Em poder de um canivete, João Henrique atacou Aline, aplicando vários golpes contra o rosto dela, que tentava se defender com as mãos. Ao tentar fugir, João Henrique acertou Aline nas costas, ombro, nuca e na parte posterior do crânio. Não satisfeito, o assassino teria empurrado a vítima, ainda com vida, da janela do apartamento, localizado no terceiro andar.
A versão de Buiú
Em audiência de instrução realizada sobre o caso no Fórum da Comarca, em agosto, os advogados Fábio Luiz Binati e Rafael Tiago Masquio Puglia, responsáveis pela defesa do réu, falaram ao A Cidade que trata-se de um crime passional e contaram detalhes do depoimento do réu. “Quando ele preso por tráfico de drogas, antes do homicídio, ela visitava ele normalmente, escrevia cartas e dizia que iria esperar ser solto. Entretanto, traía o Buiú.”
Ainda segundo a versão, “João Henrique desconfiava e quando ele saiu, teve certeza da traição. No dia do crime, o que revoltou ele foi que a Aline confessou, deixando João Henrique transtornado e violento. Foi um crime de amor, porque ele estava sendo traído. Isso, nas palavras dele, que assumiu honestamente cada detalhe do crime”, comentou o advogado Fábio.
O advogado disse que Buiú assumiu que apanhou um canivete e foi então para cima da vítima. “Ele atingiu um golpe entre o pescoço e as costas. Daí por diante nem soube dizer quantos golpes a mais aplicou. A versão dele é de que após os golpes, ela tentando fugir pulou da janela do apartamento. Na versão dele ela se jogou na tentativa de se salvar”, afirmou o defensor.