O Corpo de Bombeiros de Votuporanga atendeu, entre 2016 e 2017, sete ocorrências de mortes por afogamento em rios da região
Para o A Cidade, o tenente Silvestre deu dicas para evitar que mais acidentes deste tipo aconteçam (Foto: Aline Ruiz/A Cidade)
Aline Ruiz
Durante a temporada de férias, e principalmente no verão, aumenta o número de pessoas que procuram lazer e descanso nos rios da região de Votuporanga, porém um descuido é suficiente para que afogamentos aconteçam. De acordo com o Corpo de Bombeiros, sete pessoas morreram afogadas na região entre 2016 e 2017, sendo que todas as vítimas estavam pescando e são homens com idade entre 40 e 60 anos. Para o A Cidade, o tenente Silvestre deu dicas para evitar que mais acidentes deste tipo aconteçam.
Em Votuporanga e região, os locais mais comuns que pessoas morrem afogadas são em rios. “É muito raro incidentes como estes acontecerem em piscinas, já que a maioria das vítimas são pescadores com idade entre 40 e 60 anos. Muitos pensam que as crianças são as maiores vítimas, mas aqui na região o caso é diferente”, contou o tenente Silvestre do Corpo de Bombeiros de Votuporanga.
Segundo o tenente, é comum o homens sair para pescar e não avisar o local específico que ele vai ficar. “Deixar alguém avisado é essencial caso um incidente aconteça dentro de um rio. É importante que a pessoa diga para chamar ajuda caso ela não apareça em tantas horas ou não dê notícias, por exemplo”, ressaltou.
Outro detalhe importante destacado pelo tenente é para que as pessoas estejam cientes do local onde vão pescar. “É essencial conhecer o local antes de ir pescar, se a pessoa não sabe nadar, os cuidados precisam ser redobrados. Muitos têm costume de ficar em pé na beira do rio e esquecem que muitos deles possuem buracos e são traiçoeiros”, alertou o tenente, ressaltando também o uso do colete salva-vidas.
O que fazer na hora do afogamento
O tenente deu algumas dicas para aquelas pessoas que presenciarem alguém se afogando. “Se a pessoa na água estiver consciente, lance a boia salva-vidas. Certifique-se que a extremidade do cabo de retinida esteja firmemente atado ao barco. Pouco contribui para a recuperação da vítima se o cabo não estiver à mão para puxá-la para bordo depois que ela se agarrar à boia. Considere também ter um cabo com uma bola, ou uma “pinha de retinida”, mais fácil de lançar e menos suscetível ao vento”, completou.
Se por algum motivo a vítima não conseguir se agarrar à boia ou estiver com dificuldade para se manter à tona, o tenente explica que o ajudante não terá outra escolha a não ser pular na água. “A pessoa deverá estar amarrada em um cabo de segurança e usando colete salva-vidas. Do contrário, a chance de piorarmos a situação com duas vítimas de afogamento para resgatar é bastante grande”.
Se possível, ressaltou o tenente do Corpo de Bombeiros, aproxime-se da vítima por trás. “Se ela vir você chegando e entrar em pânico, pode acontecer dela segurar sua cabeça ou braços e dificultar o resgate ou até contribuir para o afogamento de quem a está resgatando. Chegar por trás também facilita o controle da situação e impede que a vítima o abrace”.
Outra dica muito utilizada pelo Corpo de Bombeiros é contra a hipotermia. Uma das formas de minimizar a perda de calor do corpo é aplicar a técnica HELP, um acrônimo para “Heat Escape Lessening Posture”, ou Postura Minimizadora de Perda de Calor. Coloque os joelhos perto do peito e cruze os braços em frente ao colete. Quanto menos se mover, maior a conservação de energia (calor), e mais tempo se sobrevive.
Resgate
Quando a equipe do Corpo de Bombeiros recebe um chamado para afogamento, três mergulhadores são acionados para atender a ocorrência. “É importante destacar que essas ocorrências são atendidas apenas por mergulhadores formados e nem todos os bombeiros são mergulhadores. Aqui em Votuporanga são 15 no total”, disse o tenente.
Ao chegar ao local do incidente, a equipe dá início às buscas pelo corpo. “Normalmente, quando a pessoa se afoga ela não afunda direto, então quanto mais rápido chegarmos, mais rápido conseguimos localizar o corpo”, revelou.
O tenente Silvestre ressalta que caso o corpo afunde ele demora de 3 a 4 dias para boiar de novo, aí o caso se complica. “Os mergulhadores terão que colocar em prática as técnicas de buscas. É uma operação muito complexa e perigosa, porque depois dos seis metros a visibilidade é zero debaixo d’água”, afirmou.
O tenente finaliza dizendo que a primeira dica na hora do afogamento é retirar a pessoa da água, a segunda é ligar para o Corpo de Bombeiros, por meio do 193.
Orientações conforme o Corpo de Bombeiros
- Procure conhecer o rio e andar cuidadosamente pela margem
- Veja a profundidade para saber até onde pode ir
- Não deixe as crianças sozinhas dentro d’água
- Não beba bebidas alcoólicas
- Alimente-se com comidas leves, de fácil digestão
- Evite fazer natação de grandes percursos;
- Cuidado com mergulhos e nados prolongados
- E se não souber nadar, entre na água até onde tenha certeza que a profundidade seja segura