Leonardo Azambuja é médico especialista em cirurgia geral, nutrologia, ciência da fisiologia humana e longevidade saudável
Leonardo Azambuja é médico especialista em cirurgia geral, nutrologia, ciência da fisiologia humana e longevidade saudável (Foto: A Cidade)
Um número cada vez maior de
neurocientistas acredita que a atrofia a cerebral pode ser prevenida, diminuída
ou até revertida através de hábitos saudáveis e uso de suplementos. Isso
porque, descobriu-se, por exemplo, que condições cardiovasculares, diabetes,
problemas de sono, distúrbios de ansiedade e alimentação podem estar associados
à ela. Pesquisas recentes possibilitaram a melhor compreensão da capacidade do
ômega-3 em suspender o declínio da capacidade cerebral, relacionada à idade e
doenças.
Os ácidos graxos ômega-3 fazem
parte de uma grande porção das membranas cerebrais onde exercem uma série de
funções como melhorar a permeabilidade das membranas celulares (melhorando a
nutrição celular), ação antiinflamatória e proteção das células dos efeitos
lesivos do estresse (níveis elevados de cortisol). De fato, 30 a 50% dos ácidos
graxos das membranas dos neurônios são constituídos pelos ácidos graxos
poli-insaturados de cadeia longa que inclui o grupo ômega-3, em especial o DHA
que deriva, em sua maioria, de dieta e/ou suplementação. Com o avançar da
idade, o teor de ômega-3 nas membranas celulares, em áreas essenciais de
processamento da memória, diminui, o que faz com que os cientistas acreditem
que essa diminuição seja uma das causas do declínio cognitivo normal em doenças
crônicas como o Alzheimer. Na vida adulta, a diminuição dos níveis de ômega-3
pode contribuir para o desenvolvimento de ansiedade, depressão, agressividade,
demência, além de outras condições de saúde mental e até mesmo criminais.
Estudos concluíram que a
doença de Alzheimer é evitável e que os principais vilões são os carboidratos e
o açúcar consumidos ao longo da vida, destacando ainda que a sensibilidade ao
glúten, proteína encontrada nos cereais que afeta o intestino, está envolvida
nas doenças crônicas, incluindo as que afetam o cérebro devido à influência
exercida no sistema imunológico. Existe uma correlação muito direta entre
maiores níveis de açúcar no sangue e a doença, ou seja, quanto mais açúcar no
sangue, maior o risco de encolhimento do centro da memória, marca principal da
doença, e a velocidade com que o cérebro diminui de volume está correlacionada
à hemoglobina glicosilada (exame de controle da diabetes). A notícia boa é que
esses fatores são perfeitamente controláveis através de mudança alimentar –
controlando-se a quantidade de carboidratos, de calorias (da quantidade total
ingerida) e aumentando o consumo de gorduras saudáveis – e da prática de
exercícios físicos. A neuroplasticidade cerebral é importante, fazendo com que
a regeneração cerebral seja uma realidade.
Os altos níveis do aminoácido
homocisteína (produzido na metabolização do aminoácido essencial metionina),
estão tipicamente associados a doenças do coração por serem causadores de
arteriosclerose e também já relacionados à redução do volume cerebral
(independente do seu impacto na doença cardiovascular). Estudos mostraram que
pessoas com níveis elevados de homocisteína têm um menor volume de massa
cinzenta no cérebro e, como resultado, apresentam piores pontuações em muitos
testes de função cognitiva. Isso foi especialmente evidente em estudo de um
grupo de pessoas que recentemente sofreram acidentes vasculares cerebrais.
A de ciência de vitaminas do
complexo B também foi relacionada ao encolhimento do cérebro. Isso faz sentido,
já que quantidades adequadas de vitaminas B6, B12 e ácido fólico levam à
redução dos níveis elevados de homocisteína, desde que essas vitaminas
desempenham um papel na conversão de homocisteína em outros metabólitos e,
quando há uma carência de vitaminas do complexo B, esse processo de conversão
não é tão eficiente, aumentando assim os seus níveis.