Antônio Bigaton é sócio diretor da Company Group e administrador de empresas formado pela FAAP.
O departamento de recursos humano está passando por um período de grande transformação. Se antes esse setor era visto como meramente operacional, hoje a demanda das empresas é para que o RH se torne cada vez mais estratégico e atue alinhado com o planejamento das organizações. Entretanto, toda mudança passa por um período de resistência e de confusão. Muitas empresas já perceberam a importância de migrar para um modelo mais estratégico, mas ainda não sabem como diluir o trabalho operacional desses profissionais, promovendo mais tempo para ações táticas.
Um departamento de RH estratégico é aquele em que as decisões de contratação, demissão, retenção e treinamento dos colaboradores são feitas em prol das metas e dos objetivos de longo prazo da companhia. A proposta é que ele contribua com a organização e não apenas execute funções práticas de um departamento pessoal. Nesse sentido, o principal gargalo é o tempo que os profissionais perdem com funções que poderiam ser automatizadas. É preciso criar espaço para que o RH consiga atuar no desenvolvimento das pessoas, na gestão de liderança, na atração e retenção de talentos.
As transformações tecnológicas irão revolucionar o mundo do trabalho nos próximos anos. A era digital já começa a ser vista como a nova onda que vai adaptar as estruturas corporativas e aperfeiçoar o desempenho e a qualidade das entregas de produtos e serviços. Nesse cenário em que a operacionalização do trabalho será substituída por máquinas, os talentos inerentes aos seres humanos, como a criatividade, a inteligência emocional, a flexibilidade cognitiva e o pensamento crítico, serão ainda mais valorizados. As organizações já perceberam que seus melhores ativos são as pessoas e, justamente por isso, os departamentos de RH têm ganhado maior relevância, afinal de contas, cabe a eles encontrar, desenvolver, motivar e promover esses talentos.
O primeiro passo para tornar o RH mais estratégico é descobrir o planejamento empresarial de curto, médio e longo prazo, olhar para os talentos que serão necessários em cada uma dessas etapas e traçar um planejamento para encontrar ou desenvolver as pessoas que serão demandas. Uma segunda etapa é engajar os colaboradores nessa fase da empresa. Implementar uma nova cultura é desafiador e encontra muita resistência, mas é essencial para que as mudanças aconteçam e tragam melhorias.
Atualmente, já existem no mercado muitas ferramentas que podem substituir o trabalho operacional e facilitar processos burocrático do departamento. É preciso usar a tecnologia como aliada para a melhoria contínua e não como inimiga. Um bom exemplo são as soluções para gerenciar informações e facilitar a comunicação interna. Independentemente do porte ou quantidade de funcionários, centralizar os comunicados oficiais e manter as equipes alinhadas com a estratégia empresarial é crucial para o desenvolvimento do negócio.
Uma das ferramentas que podem auxiliar o trabalho do RH é uma plataforma de intranet, capaz de organizar as informações e sanar boa parte das demandas da comunicação - responsabilidade inerente aos profissionais de recursos humanos. Após a construção do planejamento estratégico da área e da implementação de ferramentas que auxiliem o trabalho, está na hora de mensurar os resultados e trabalhar com revisões periódicas da estratégia.
Fazer essa transição não é uma tarefa simples, mas certamente é indispensável para que as empresas se mantenham competitivas frente às transformações que estamos vivenciando no mercado. Os recursos tecnológicos são meios importantes, mas o mais imprescindível mesmo é a mudança de mindset sobre como enxergamos a relevância do RH dentro das organizações.