A busca pelo equilíbrio é um ideal amplamente exaltado na sociedade. No entanto, há situações em que o equilíbrio, entendido como “o caminho do meio”, não é a solução. Isso é evidente quando refletimos sobre a jornada humana, indo da ignorância à sabedoria. Sabedoria é saber aprender e, a partir desse aprendizado, evoluir. Estamos aprendendo sempre mesmo não tendo consciência disso. O aprendizado também é um exercício de extremos. Quando alguém chega ao cume de uma montanha, sabe que está na hora de descer, assim como quem está na base da montanha sabe que seu caminho é subir. Há um equívoco em afirmar, nesse caso, que o equilíbrio está no caminho do meio. Faria sentido, para quem sobe ou desce, permanecer no meio da montanha? Da mesma forma, se o amor é um extremo e seu oposto é o ódio, faria sentido pensar que o equilíbrio está entre o amor e o ódio? Amor e ódio são forças opostas e independentes e buscar equilíbrio entre essas energias seria negar a profundidade e o impacto de cada uma em seu conjunto. O mundo atual está mergulhado em extremos ideológicos. De um lado, temos uma ideologia materialista, marcada pela dominação através do capital, da tecnologia e da crescente influência das corporações. Este cenário promove uma competição voraz, enquanto desmonta os pilares de solidariedade e bem-estar social. No centro, observa-se um movimento de desconstrução que ameaça apagar os valores fundamentais de apoio e compaixão. Mas a história nos ensina que, quando uma ideologia atinge seu limite, surge um movimento oposto. Assim, de outra parte, como a exclusão e o individualismo extremo levam ao esgotamento social, o extremo da dominação provocará uma ocorrência pautada na justiça e na paz. Neste cenário, a competição será substituída pela cooperação, o Estado dará lugar à Comunidade, e a acumulação será trocada pela partilha. A virada será uma celebração do amor radical, uma força transformadora que devolverá o ser humano ao seu lugar no cosmos, não como centro, mas como parte de um todo integrado. Será uma grande virada, tempo de transformação não em direção ao centro (equilíbrio?), mas ao extremo, à radicalização do amor incondicional. E, desse amor, virá o milagre da partilha e da igualdade. Estes são tempos de radicalizar o amor, que é o verdadeiro bom combate, a arma que deve ser usada em todos os conflitos. Que tenhamos a coragem de escolher o extremo certo, o amor. Só assim daremos um novo significado à existência humana, como seres totais, cósmicos e verdadeiramente livres.