Amanhã, hospitais de todo o Brasil participam do movimento “Tabela SUS – Reajuste Já!” e atendem apenas emergências
Andressa Aoki
andressa@acidadevotuporanga.com.br
A saúde pública pede socorro e já não é de hoje. Amanhã, hospitais e Santas Casas de todo o Brasil participam do movimento “Tabela SUS – Reajuste Já!” e irão paralisar seus atendimentos eletivos. A iniciativa é chamar a atenção do governo para a defasagem da tabela SUS e a situação crítica financeira destas instituições.
O diretor da Santa Casa de Votuporanga, Mário Homsi Bernardes, esteve acompanhado com o presidente do Conselho Administrativo, Nasser Gorayb, na Rádio Cidade. Eles participaram de uma entrevista no programa Jornal da Cidade para falar sobre o movimento.
Mário destacou que o hospital de Votuporanga é uma semente do protesto na segunda-feira em todo o país. “A gente vai paralisar os serviços eletivos, aqueles que você agenda na instituição para ser atendido. Trata-se de uma cirurgia eletiva, que não tem emergência, que não tem complicação se ficar no dia seguinte. Não corre risco algum, é um exame que se não foi feito na segunda, pode ser feito na terça ou na quarta. Para não prejudicar em nada a população, nós nem agendamos estas atividades eletivas no dia 8 no hospital”, ressaltou.
O diretor enfatizou que a estrutura de urgência e emergência do hospital vai continuar prestando serviço para Votuporanga e região. “A população não será prejudicada em momento algum. Nós não queremos os votuporanguenses contrários a esta situação, das dificuldades que vivenciamos no hospitais. Queremos a comunidade apoiando o movimento, os hospitais, no sentido de reivindicar uma postura mais justa e adequada de condições de trabalho a estas instituições que correspondem mais de 50% das internações SUS do país”, disse.
Ele contou que o movimento começou em Votuporanga, após uma reunião com representantes dos hospitais da região. “A campanha nasceu na Santa Casa de Votuporanga, ao lado dos amigos de hospitais de Fernandópolis, Jales, Estrela D´Oeste, Santa Fé do Sul, Tanabi, numa situação de inconformidade no momento que a gente vivenciava e continua vivendo em razão de um relatório que surgiu na comissão de Seguridade Social dentro da Câmara dos Deputados diagnosticando a situação das Santas Casas no Brasil. Nós apresentamos isso no Conselho Administrativo da Santa Casa e lá na pessoa do seu Nasser Gorayb, tivemos todo apoio para se manifestar de como a saúde vem sendo tratada pelos governos, principalmente federal. A partir daí, nasceu o movimento e para segunda-feira a gente tem boa parte dos hospitais de São Paulo paralisando as atividades, realizando um dia de conscientização da situação que a gente vive”, enfatizou.
Mário contou ainda quais Estados aderiram o movimento como Rio Grande do Sul, Bahia, Minas Gerais, Santa Catarina e Pernambuco. “A gente obteve uma grande conquista na quarta-feira quando A Santa Casa de São Paulo confirmou a adesão integral no movimento do dia 8”, complementou.
Contas não fecham
Nasser Gorayb, presidente do Conselho Administrativo, falou que a ideia é que a população se informe sobre a situação financeira dos hospitais. “As contas não fecham e a população, às vezes, foi mal informada. Temos que informar a população do déficit. Os conselheiros, a diretoria, funcionários abraçaram a causa. Este movimento tinha que ser abraçado pelos 200 mil habitantes do país seja aquele que tem menos recursos, os que possuem mais e pode ter o melhor plano de saúde”, ressaltou.
“Temos uma administração do país que privilegia o poder e não a população. Não sou contra a presidência da República e ministério da Saúde. Mas eles têm que entender o que a Santa Casa passa. Como ele vem falar de gestão? Se no fim do mês você tem déficit? Você vai fechar. Quem não tem resultado, quebra. No caso da Santa Casa, não precisa ter lucros, mas também não déficit”, finalizou.