Hospital é obrigado a recorrer a empréstimos, reduzir quadro de funcionários, fechar alas e executar dívidas de municípios
O cenário de crise política e econômica no país está impactando diretamente a vida da população. O resultado dessa situação é desastroso e preocupante, afetando todos os setores do país, em especial a saúde pública, que já era ineficiente e deficitária. Todos os dias a comunidade é informada que hospitais estão fechando, que a população está sem atendimentos, que os profissionais da área estão paralisados ou abandonando suas profissões.
Em Votuporanga, esse cenário reflete claramente na Santa Casa, que é o único Hospital SUS referência para 53 cidades. Há muito tempo a diretoria, a administração, os médicos, funcionários, voluntários e a comunidade vem fazendo um esforço gigantesco para suportar os descasos com a saúde, superar as dificuldades e atender aos doentes. Porém, a situação agora é insustentável e todos precisam ter ciência e clareza sobre a gravidade do momento.
O orçamento do hospital previsto para 2016 é 10% menor e as receitas governamentais foram reduzidas (municípios, estado e federal) e, constantemente, chegam aos cofres da Santa Casa com atrasos, o que obriga a instituição a seguir um rigoroso plano de contingenciamento com metas duras, mas que devem ser cumpridas à risca para que o hospital não feche suas portas. Novamente, a instituição precisou recorrer a bancos para buscar crédito e dessa forma honrar seus compromissos junto aos seus credores. Outro agravante, é o atraso nas receitas das operadoras de saúde (planos de saúde) que também enfrentam dificuldades, por causa da inadimplência dos usuários e da redução de clientes.
Entre as principais medidas que foram tomadas, estão o corte significativo nas despesas, a redução do quadro de funcionários e de prestadores de serviços, o fechamento de alas (leitos hospitalares), a regulação do serviço de Pronto Socorro, a execução das dívidas dos municípios da região e a redução dos atendimentos. Mas, nada disso parece surtir efeito diante da inflação crescente, do aumento do dólar e dos juros bancários.
“Estamos mobilizando a força política da nossa cidade para nos ajudar a encontrar soluções para garantir a continuidade dos atendimentos, mas a situação é preocupante e todos precisam estar cientes, visto que a Santa Casa é um patrimônio de toda a população e de fundamental importância. A comunidade sempre foi parceira da entidade e nenhum paciente merece ficar desassistido. Vamos lutar para manter o hospital, mas precisamos da compreensão e do apoio de todos para superar mais esse obstáculo”, desabafou o provedor da instituição, Luiz Fernando Góes Liévana.