O consultório do médico Hamilton Zúniga está localizado na rua Sergipe, esquina com a rua Mato Grosso
Aline Ruiz
aline@acidadevotuporanga.com.br
O câncer é hoje uma das doenças mais preocupantes no mundo não só pelas milhões de mortes que causa a cada ano, mas também pela dificuldade de tratamento e pelas difíceis condições de vida que impõe aos doentes. Em entrevista para a Rádio Cidade, o médico oncologista Hamilton Zúniga falou sobre a doença e sobre a sua recente conquista: a instalação de seu primeiro consultório especializado em câncer em Votuporanga.
O médico Hamilton Zúniga trabalhou durante três anos no Hospital de Câncer de Jales. “Fiquei muito tempo em São Paulo e queria ir embora de lá. Aí surgiu a proposta do Hospital de Câncer de Barretos de trabalhar aqui na região e eu optei pela unidade de Jales. Moro em Votuporanga e viajava para Jales todos os dias”, contou.
Hamilton disse que sempre quis abrir a sua própria clínica em Votuporanga, porém considera que os três anos que passou pelo Hospital de Câncer foram fundamentais para a sua carreira. “Num primeiro momento seria difícil chegar e já abrir uma clínica, por isso que considero essencial esse tempo que me dediquei exclusivamente para o hospital. Mas sempre tive aquela vontade de abrir meu consultório aqui, até porque não existe nenhum médico especialista em câncer”, ressaltou.
A doença
O doutor Hamilton Zúniga, que também é membro titular da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, da Sociedade de Cancerologia, além de especialista em cancerologia, explicou que o número de vítimas com a doença vem crescendo. “Segundo dados do Ministério da Saúde, o câncer é a segunda doença que mais mata no Brasil. O número de mortes decorrentes desse mal aumentou 22% nos últimos 25 anos”, afirmou.
Hamilton ainda lembra que o câncer é uma doença que está relacionada à expectativa de vida da população. “Antigamente não se falava muito em câncer, porque a expectativa de vida era baixa, as pessoas morriam mais cedo por outras doenças. Com o passar do tempo, a expectativa de vida aumentou, a população está envelhecendo mais, o câncer está ligado à expectativa de vida, ao estilo de vida que a pessoa tem”, disse.
Para o médico, a expectativa é que em 2025 o câncer suplante as doenças cardiovasculares e se transforme a primeira causa de morte no mundo. “Isso já foi confirmado pela Organização Mundial da Saúde. Por isso o câncer é um problema de saúde pública e tem que ser tratado com muita seriedade, muita orientação e educação na saúde”, contou.
Câncer não é pena de morte
O médico lembra que a oncologia evoluiu muito nos últimos 20 anos. “Principalmente agora nos últimos cinco anos, existem drogas extremamente modernas, pacientes que são diagnosticados, operados, tratados e são curados. Por isso que sempre digo que o câncer não é pena de morte”, falou.
Prevenção é a chave
Hamilton destaca que o mais importante é a prevenção. “Você tem exames de rastreamento, principalmente quando é câncer de mama, próstata, intestino, que são os tumores de maiores incidência, então você tem que fazer esse rastreamento para verificar como está a sua saúde”, lembrou.
O que pode causar câncer?
O médico contou que o câncer é uma doença genética que atua destruindo alguns genes do nosso corpo. “Como eu já disse, é uma doença que está ligada a expectativa de vida, a qualidade de vida. Posso afirmar com toda certeza que 90% dos tumores são devido a má qualidade de vida que a pessoa leva. O álcool, cigarro, vírus, bactérias, agrotóxicos, obesidade, isso que desenvolve o câncer”, explicou.
Porém, segundo Hamilton, existem aqueles tumores que são chamados de genético. “De 10 a 5% dos casos a pessoa nasce e já traz esse câncer. Assim como existe o câncer hereditário, se o pai teve é sempre bom que o filho olhe com mais atenção para a sua saúde, o fator genético pode sim estar associado, mas esses casos são a minoria”, afirmou.
Primeira clínica especializada de Votuporanga
Sobre o seu consultório em Votuporanga, o médico contou que, além do diagnóstico, será oferecido o atendimento ambulatorial e a parte de tratamento, que é o serviço de quimioterapia. “Não será mais necessário ir até Rio Preto ou Barretos, iremos oferecer a medicação tanto via oral como endovenosa”, pontuou.
Hamilton lembra, porém, que podem existir alguns casos que seja necessário um tratamento complementar como a radioterapia ou cirurgia. “Isso não iremos oferecer aqui, mas temos tudo pronto para encaminhar para Rio Preto ou Barretos caso seja necessário”, concluiu o médico, ressaltando que a clínica faz consultas particulares e por convênio. Pelo SUS (Sistema Único de Saúde), por enquanto, não tem credenciamento.