Camila lembra que Regina foi buscá-la em casa com um amigo, que as deixou no aeroporto. "Entramos no avião e não nos preocupamos com a questão de andar. Como bebo muita água, eu fui ao banheiro uma vez, mas ela não. Não sabíamos que poderia ter problemas como embolia pulmonar. Dormimos assim que entramos no avião. Acordamos só na primeira refeição, tomamos café da manhã e voltamos a dormir."
Segunda refeição
A analista financeira conta que as duas dormiram muito e já tinham cerca de nove horas de voo, quando serviram a segunda refeição.
"Perguntei a ela se não ia levantar para ir ao banheiro, mas não queríamos atrapalhar um senhor que estava ao nosso lado. Quando ela acordou, estava vindo o jantar e perguntei se ela não ia dar uma caminhada e ela disse que ia comer e depois íamos. Comemos arroz com frango, nada de diferente, e depois de uns 10 minutos tiraram as bandejas e ela começou a passar mal", lembra.
Camila diz que, logo em seguida, a amiga virou para ela e disse que estava com calor. "Realmente estava quente, e eu disse para ela tirar a blusa. Ela pediu para eu ajudá-la a tirar e, de repente, desmaiou. Eu a chamava e nada. Chamei as comissárias e já a levaram para o corredor. Ela desmaiava e voltava várias vezes, baixava a cabeça e desmaiava de novo."
A amiga conta que as comissárias de bordo chamaram os médicos que estavam a bordo, que fizeram massagem e respiração.
"Eles pediam para respirar mais forte, e ela reclamava de dores fortes nas costas e de falta de ar. Me disseram que ao chegar ao Catar ela teria que fazer exames, trocavam as máscaras de oxigênio, faziam massagem na perna para ver se era circulação. Quando foi para pousar, ela teve um ataque cardíaco agudo, ela vomitou e eles fizeram respiração boca a boca, quando pousou ainda estava viva, mas acho que quando foi para o hospital, não mais."
Camila esclarece que o pouso no Catar não foi devido ao mal estar da Regina, fazia parte da conexão. Ela conta que, após o pouso, a levaram para um lugar acoplado ao avião para ir ao hospital com Regina.
"Diferente do que disseram, eu acho que ela morreu dentro do avião, já tinha pousado, mas eu via o que eles estavam fazendo. Eu vi que ela já estava com o rosto coberto e sem os aparelhos, sem soro. Por mais que digam que ela faleceu no hospital, eu acredito que a levaram para o hospital só para terem certeza, mas acho que ela já saiu do voo sem vida", lamenta.
Saudável
Regina trabalhava em laboratório e, segundo a amiga, fazia exames com frequência. "Ela era saudável, não sei se ela teria tido isso em terra. O laudo apontou ataque cardíaco agudo por causas naturais."
Camila diz que, quando a amiga começou a passar mal, achou que seria algo rápido e passageiro, mas quando percebeu que a cada vez que Regina tinha uma crise ela voltava menos consciente, ficou desesperada.
"Meu primeiro pensamento foi: preciso focar na minha amiga e esquecer a viagem em si. Quando passei pelos policiais e percebi que eles não quiseram que eu visse o rosto dela, ainda não tinha caído minha ficha. Nunca tinha lidado com aquela cultura, mas me surpreendi porque me trataram muito bem. Me levaram para a delegacia dentro do aeroporto, levaram uma tradutora para mim e ainda estava em transe, em choque, e só me dei conta de tudo o que estava acontecendo quando fui escrever para a minha mãe o que estava acontecendo."
De acordo com Camila, em momento algum no exterior perguntaram a ela se a amiga havia ingerido drogas. Ela diz que ficou estarrecida com alguns comentários que leu na internet e afirma que há muitos boatos na história que não são verdade.
Espera
A família da brasileira sofre a angústia da espera do corpo de Regina, que está sem data prevista para chegar ao Brasil. A cunhada, Meiriane Aparecida Castilheri da Costa, afirma que a família está em estado de choque, porque, além da morte, há a distância em que o corpo de Regina está.
"As informações que temos não são de familiares, mas de pessoas do consulado e da seguradora. Não estar perto dela nos angustia. A demora para a repatriação do corpo também é angustiante."
Ela diz que Regina fez seguro de viagem e a seguradora deu um prazo de 48 horas úteis, o que significa em torno de quatro dias, para a documentação ser viabilizada e fazer a repatriação do corpo, se não houver nenhuma intercorrência.
De acordo com parentes, o corpo está em um hospital de Doha, capital do Catar, onde o avião fez um pouso para atendimento da vítima. A família aguarda os trâmites legais feitos entre o governo do país e a embaixada brasileira para viabilizar o traslado.
O Itamaraty informou que não pode passar mais informações, mas que dá todo o apoio aos familiares e cuida de todos os detalhes com a ajuda da embaixada brasileira no país. A família ressalta que toda a viagem de Regina foi planejada para ela curtir as férias e que ela não tinha nenhum problema de saúde. A administradora de empresas foi socorrida por três médicos que estavam no voo, segundo a amiga que estava com ela e disse à família.