O advogado Bruno Caires está pedindo na Justiça a retirada do outdoor de Jair Messias Bolsonaro em avenida da cidade
O outdoor em prol ao deputado federal e pré-candidato a presidente da República foi inaugurado anteontem (Foto: Arquivo Pessoal)
Da Redação
O advogado Bruno Caires, da Caires & Marques Sociedade de Advogados, está pedindo na Justiça a retirada do outdoor de Jair Messias Bolsonaro, em Votuporanga. No pedido ao juiz eleitoral da Comarca de Votuporanga, a representação alega propaganda eleitoral irregular à presidência da República do Partido Social Liberal (PSL).
O autor da representação afirmou em entrevista ao A Cidade que do ponto de vista pessoal, como cidadão, ficou extremamente angustiado com o fato da manifestação ter ocorrido em 1º de abril.
“Há um fato histórico extremamente simbólico que relaciona à cidade com a data. Me refiro ao fato de que o primeiro corpo identificado na vala de Perus, onde eram enterradas as pessoas assassinadas pela ditadura militar, ser natural de Votuporanga. Isto é grave e aparentemente esquecido por parte da população de nossa cidade. A ação proposta tem, neste sentido, aspecto simbólico e jurídico. Simbólico por chamar a atenção das pessoas que o autoritarismo é um caminho perigoso. No campo do direito a manifestação realizada pelos apoiadores do candidato do PSL ofende a legislação eleitoral. Além de outdoor houve carreata e adesivagem de veículos, ações típicas de campanha eleitoral. A fixação de prazo para que se inicie a campanha visa justamente garantir que todos os candidatos tenham as mesmas condições de disputa. Evidentemente isso não pode nem deve afastar as pessoas da discussão política. Precisamos separar o que é discussão política e o que é manifestação eleitoral”, afirmou.
O advogado formado pela PUC-SP, mestrando em direito constitucional e ciências políticas pela Universidade de Lisboa e ex-morador de Votuporanga, ainda disse que recebeu diversas ameaças e ofensas pessoais. “Infelizmente os ânimos estão muito exaltados. As reações violentas à iniciativa foram praticamente instantâneas ao momento de publicação da notícia do fato. Os ataques verbais foram deferidos contra mim e contra meus familiares, que nada tem a ver com a minha intenção de propor tal iniciativa. Por tudo isso já é possível prever que teremos um processo eleitoral extremamente belicoso e, aparentemente, de baixo nível no tocante à discussão de ideias. Isso é lamentável tendo-se em vista que o que se espera de um processo democrático é a discussão de propostas e não um campo aberto para insinuações e discursos vazios. É fundamental restabelecer o pacto democrático brasileiro e nesta tarefa todos nós temos responsabilidade. Muito se fala em moralização da política, mas algumas pessoas quando se deparam com a divergência, perdem a civilidade e apelam para agressões pessoais”, contou ao A Cidade.
O outdoor em prol ao deputado federal e pré-candidato a presidente da República foi inaugurado anteontem, na avenida João Gonçalves Leite, por simpatizantes de Bolsonaro, que promoveram uma vaquinha virtual para arrecadar R$ 400, porém ela superou o valor estipulado. Em cinco dias de criação foram arrecadados R$ 860.
O A Cidade tentou contato com os organizadores da vaquinha para saber o posicionamento sobre o pedido de retirada do outdoor, mas não conseguiu contato até o momento.
O jornal também conversou com o diretor do Cartório Eleitoral de Votuporanga, Robson de Oliveira. Este informou que o juiz eleitoral Maurício José Nogueira, até a tarde de ontem, não havia sido notificado do pedido do advogado, portanto não comentaria a questão.