O projeto Mulheril Manutenções, do IFSP de Votuporanga, capacita mulheres para manutenção residencial
Projeto Mulheril Manutenções, do IFSP , capacita mulheres para manutenção residencial (Foto: Divulgação)
Gabriele Reginaldo
Maria Aparecida de Figueiredo Pereira, de 55 anos, e Rosemeire Alves da Silva, de 47 anos, são umas das mulheres que foram em busca de igualdade de gênero e oportunidades. Elas estão entre as 18 mulheres que participaram do projeto Mulheril Manutenções, um curso de extensão de cinco meses realizado no segundo semestre do ano passado no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, do Campus Votuporanga, em parceria com a Rede Panapanã, um coletivo de mulheres do noroeste paulista.
Segundo Alexandre da Silva de Paula, coordenador do projeto no último ano e psicólogo do IFSP, o Mulheril Manutenções teve como objetivo trabalhar com mulheres em situação de vulnerabilidade de bairros mapeados próximos ao IFSP e contou com aulas de pequenos reparos para a manutenção residencial.
“O projeto teve como finalidade colocar a mulher em contato com a educação e oferecer a possibilidade de aprendizagem básica em hidráulica e reparos na parte elétrica, por exemplo, para oferecer habilidades na comunidade para gerar algum tipo de renda. Ao final do curso, elas fizeram os cartões de visita e receberam uma maleta de equipamentos para cada uma fazer o seu reparo. Além disso, elas tinham aulas de português, matemática, oficina de pintura, entre outras atividades”, explicou ao A Cidade.
Uma das integrantes da Rede Panapanã e idealizadora do projeto, Angelita Toledo, afirmou que a ideia do curso surgiu por conta da procura de mulheres por especializações profissionais.
“Quando lançou o edital, o projeto tinha que se adequar ao campus, e o campus daqui de Votuporanga é forte na parte de elétrica e também tem na parte de edificações, então tinha que me adequar a isso. Alguns Institutos enviaram projetos na área do artesanato e da estética e também foram contemplados, mas a gente queria um curso que a mulher saísse do espaço doméstico. Além disso, existem situações de prestadores de serviços que foram às casas e as mulheres estavam sozinhas e eles assediaram ou até mesmo estupraram, então muitas mulheres preferem outras mulheres para esses tipos de serviços”, explicou a assistente social, Angelita Toledo.
Após o curso, Maria Aparecida de Figueiredo Pereira, de 55 anos, explicou que existe agora um projeto de uma cooperativa para colocar as egressas do curso no mercado de trabalho. “Também vamos fazer um mutirão para ajudar a fazer a casa de uma colega de classe a partir do mês que vem”, contou.
A funcionária pública, Rosemeire Alves da Silva, de 47 anos, que trabalha na área de serviços gerais, contou que após o curso está aplicando os conhecimentos em sua residência. “Eu faço alguns serviços em casa. Já consegui arrumar um problema de energia e trocar um sifão. Além disso, aprendi a assentar azulejo e cerâmica e a preparar uma massa para reboco”, afirmou.
No último ano, as alunas receberam o benefício de R$ 100 por mês durante o curso. As aulas eram realizadas de segunda-feira a quarta-feira, das 8h às 11h, no campus da instituição. Neste ano, as inscrições serão abertas em breve com previsão de início para agosto. O curso contará com a parceria do Sebrae.
O atual coordenador do projeto, Devair Garcia, afirmou que serão 23 mulheres selecionadas e que “a ideia é que elas tenham oficinas de empreendedorismo para que possam se organizar para o trabalho e que não dependam dos parceiros nos trabalhos”.