Motoristas saíram da Concha Acústica com destino ao Autoposto Parceirão, onde os caminhoneiros estão concentrados
Motoristas saíram da Concha Acústica com destino ao Autoposto Parceirão, onde os caminhoneiros estão concentrados (Foto: Aline Ruiz/A Cidade)
Aline Ruiz
Vestidas de verde e amarelo e com bandeiras do Brasil em mãos, centenas de pessoas de Votuporanga se dirigiram na noite desta terça-feira (29) para o Autoposto Parceirão com o objetivo de demonstrar apoio à greve dos caminhoneiros. Ao som de hinos, buzinas e gritos de guerra, manifestantes se solidarizaram com a causa, que hoje completa dez dias de paralisação. Durante discurso, o porta-voz da classe, Edimilson Tito, criticou as filas nos postos de combustíveis e propôs um boicote para a população, que respondeu com uma salva de palmas. De acordo com a Polícia Militar, cerca de 300 pessoas estavam no local.
Apesar de não se classificar como um líder, Tito discursou e contagiou todos os manifestantes que estavam no local. Para ele, a população precisa sair da zona de conforto e se envolver mais com a greve. “Temos que parar tudo, vamos parar o comércio, fechar as lojas, vocês precisam se envolver mais”, exclamou.
Durante sua fala em um palco improvisado em cima de uma picape, Tito criticou as filas em postos de combustíveis. “Enquanto estamos aqui lutando não apenas pelo direito dos caminhoneiros, mas também pelos direitos da nossa nação, a população está fazendo filas nos postos. Quando isso acontece, cresce a demanda do mercado, vamos boicotar isso aí”, gritou o porta-voz.
O empresário Fernando Saraiva e o ciclista Alex Boti também foram a favor da fala de Tito e propuseram um boicote geral. “Fui ao supermercado hoje e o quilo do tomate está R$ 10, temos que boicotar esses comerciantes que estão se aproveitando da greve, porque eles estão sendo tão corruptos quanto os governantes lá de cima. Precisamos nos unir, precisamos nos envolver”, finalizou.
Logo após os discursos, os manifestantes rezaram a oração do pai nosso e cantaram o hino nacional. Por fim, deixaram o pátio do Autoposto Parceirão gritando: “eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”.
Outro lado
O presidente Michel Temer afirmou nesta terça-feira (29) que não há mais como disponibilizar recursos federais para convencer os caminhoneiros grevistas a interromper paralisação nacional.
Segundo ele, não há como negociar novas concessões, uma vez que já foram esgotados todos os meios financeiros para se chegar a um acordo com a categoria.
“Nós esprememos todos os recursos governamentais para atender aos caminhoneiros em reivindicações legítimas e para não prejudicar a Petrobras. A esta altura, não temos mais como negociar, não temos mais o que fornecer”, disse
O presidente disse acreditar que a crise de desabastecimento de alimentos e combustíveis será encerrada a partir de hoje. “Eu percebo que os líderes dos movimentos estão dizendo para voltar ao trabalho. E isso está começando a dar resultado”, afirmou.
“O governo federal chegou ao limite de disponibilidade. Não há como ceder mais nada que represente custo”, disse o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.
Ele antecipou que o governo federal pretende deslocar valores da reoneração da folha de pagamento, aprovada no Congresso Nacional, e das cobranças da Cide e do PIS/Cofins.
O restante, segundo ele, será feito por remanejamento de recursos fiscais, ainda não definidos.