Situação difícil: o jornal A Cidade conversou com barbeiro e proprietários de academias e restaurantes que não podem atuar
Ricardo Bifaroni e Barbosa Barbeiro; academias e barbearias seguem sem funcionar (A Cidade)
Daniel Castro
daniel@acidadevotuporanga.com.br
Barbearias, academias de ginástica e restaurantes seguem sem poder abrir as portas em Votuporanga, o que tem provocado prejuízos aos profissionais e empresários, que, de braços cruzados, vivem um momento de grande incerteza em meio à pandemia do coronavírus.
Bastante conhecido na cidade, Barbosa Barbeiro, 36 anos, está há 15 anos no ramo. Ele já teve barbearia no centro e agora trabalha no Pozzobon. Desde o início da pandemia, foram algumas idas e vinda em relação a poder ou não atuar. O período atual é de aproximadamente seis semas parado. “Como fica a situação nossa de autônomo e pai de família? Não estamos tendo apoio nenhum, só estamos proibidos de trabalhar, mas as nossas contas não param”, falou.
Casado, a principal renda da família é a da barbearia, já que a esposa dele está desempregada. “Ela foi demitida em meio à pandemia”, revelou. “O prefeito não deixa a gente trabalhar, então estamos fechados, até quando vai isso aí?”, questionou.
Barbosa lembrou que Votuporanga atende 16 cidades da região e tem poucos leitos de UTI, portanto, na visão dele, as vagas sempre estarão cheias, e “no final das contas quem paga é o trabalhador”.
O barbeiro disse estar bastante decepcionado com prefeito de Votuporanga, porque acredita que este não é o caminho mais viável e certo, proibindo somente salões de beleza, barbearias, bares, entre outros, enquanto outros estabelecimentos podem funcionar. “Na barbearia, o atendimento é de um por vez, com horário marcado, uso de máscaras, álcool em gel. Não acredito que seja a solução, deveria ser estudado a situação e tomar de imediato uma solução para essa situação que nós encontramos hoje”, declarou.
Academias
As academias da cidade também estão fechadas, inclusive, como noticiou o A Cidade, duas delas já fecharam suas portas em definitivo. Ricardo Bifaroni, 35 anos, está no ramo há 15 e nunca viu uma situação como a atual. São praticamente 90 dias sem poder abrir seus dois estabelecimentos.
Em um primeiro momento, ele entende que o isolamento social foi útil, assim como a parada brusca no comércio. “Agora, nós já estamos achando desnecessárias algumas coisas, porque de uma maneira ou de outra a gente tem que enfrentar essa doença, eu acredito”, disse.
Para tentar contornar a situação, seus estabelecimentos fazem atendimento a domicílio. “Está mais do que provado que a atividade física é muito, muito, muito importante para manutenção da saúde”, destacou.
Ricardo alertou que de agora em diante todas as academias estarão muito mais atentas em relação as regras sanitárias. Os empresários do ramo na cidade estão bastante preocupados com toda essa situação, mas Bifaroni acredita que o “novo normal será diferente para melhor, com certeza”. “Assim que as academias voltarem a trabalhar de verdade, os clientes vão poder notar que essa parte de limpeza será um exemplo, podem ter certeza disso”, revelou.
Restaurantes
Carlos Zenatti é proprietário do restaurante Recanto do Gaúcho, que está trabalhando com marmita e retirada no local, e do Bendito Cupim, que começou trabalhar com entrega, mas encerrou as atividades totalmente após algumas semanas e agora aguarda a reabertura para retomada. Ele também é proprietário de outros estabelecimentos do ramo alimentício em Rio Preto. “Restaurante, aberto ou fechado, se paga energia, porque tem frízer, câmara fria, geladeira, então consumo continua, não igual ao que era aberto, mas a energia vem da mesma forma, muito parecida, inclusive”, falou.
Um dos principais problemas dos donos de restaurantes, conforme Carlos, é a questão dos produtos. “São perecíveis, então para restaurantes ficou muito difícil, porque o tempo passa, os produtos estão lá e estão para vencer”, explicou.
O empresário espera que “alguém olhe um pouco para os bares e restaurantes para que possam abrir pelo menos com 20%, 30% de mesas e tentar se manter”, uma vez que delivery não mantém qualquer tipo de restaurante. “Nós gostaríamos muito da abertura, logicamente com todo o cuidado devido, assim como todos os comerciantes que estão se cuidado. Mas sabemos que se não voltar logo, de 10 restaurantes, quatro devem fechar, isso em todo o Brasil”, concluiu.