Donos de restaurante, lanchonete e loja de acessórios falaram ao jornal A Cidade sobre impactos das restrições nas suas contas
Comerciantes Diogo Chaves, Nilson Corso e Christian Nakabashi falam sobre impactos da fase emergencial nos seus estabelecimentos (Fotos: A Cidade)
Pedro Spadoni
pedro@acidadevotuporanga.com.br
Nesta quinta-feira (15) faz um mês que o governo estadual decretou a fase emergencial, que foi a mais rígida até o momento. Um dos setores mais atingidos pelas restrições foi o comércio, que se viu obrigado não só a baixar as portas como deixar de comercializar seus produtos até mesmo no formato take-away (retirada no local).
O jornal A Cidade percorreu o centro de Votuporanga para conversar com os comerciantes sobre os impactos dessas medidas ainda mais restritivas nas suas contas, que já estavam apertadas e os relatos são de prejuízos e sofrimento.
Para o comerciante Diogo Chaves, a mudança para a Fase Vermelha do Plano SP, que passou a valer nesta semana, trouxe uma melhora discreta para o seu estabelecimento. Ele é dono do restaurante Alecrim, que fica na rua Pernambuco.
"Estamos vivendo na mão de Deus, porque está difícil. Agora deu uma melhorada de 2%, mas estamos na luta. Todo mundo está fechando. Gente de 40 anos de profissão", disse o comerciante.
No seu restaurante, o prejuízo causado pelas restrições da fase emergencial no faturamento foi de 40%. Em valores, isso dá quase R$50 mil, conforme informou Diogo Chaves.
"Não precisei demitir funcionários, mas se semana que vem não voltar [a abertura normal do comércio], vou ter que demitir dois ou três. Eu não aguento mais", relatou o dono do restaurante.
Para Nilson Corso, dono da lanchonete Casa do Salgado, na Praça dos Expedicionários (de frente para a Concha Acústica), é um alívio poder voltar a abrir as portas do seu estabelecimento.
"Não tem nada para ajudar, nenhum auxílio. Então fica difícil, porque você tem aluguel, energia, tudo. Isso aí ninguém desconta de nós. Fica difícil. A gente precisa que o comércio abra para a gente poder trabalhar", disse o comerciante.
Ele estima que o seu prejuízo, durante a vigência da fase emergencial, foi de R$8 a R$10 mil. Apesar disso, o dono da lanchonete contou que não precisou dispensar a funcionária com quem trabalha. "Deu para equilibrar", disse ele.
A reportagem também conversou com o comerciante Christian Nakabashi, dono da loja Unika, que fica na Rua Amazonas. Para ele, todos os estabelecimentos e serviços de Votuporanga deviam ter sido fechados.
"Ou abre tudo ou fecha tudo. Como comerciante, o que eu tenho para falar é que estamos sofrendo demais com tudo isso. Estou vendo muitos amigos fecharem as portas. Eles não estão aguentando", relatou Nakabashi.
Em março, seu prejuízo foi de R$7 mil, por conta da fase emergencial. Mas ele contou que vem tendo prejuízo desde o início do ano, por conta da sequência de restrições decretadas até o momento. Isso fez com que ele precisasse adaptar os produtos oferecidos na sua loja.
"Olha a minha loja. Eu vendo malas, mas as pessoas não podem viajar. Eu vendo mochilas, mas não tem aula. Comecei a colocar sapatos [para vender], mas ninguém pode entrar mais na minha loja para experimentar. [Vendo] bolsa feminina, mas as mulheres não vão sair, então para que vão comprar bolsa? Eu estou parado. Comecei a vender máscaras e álcool em gel para tentar ajudar a pagar os funcionários, porque não quero mandar eles embora", contou o comerciante.
Apesar disso, ele tem esperança de que ainda neste ano grande parte da população será vacinada, o que vai ajudar na retomada do comércio.
"Depois que vacinar [a maioria da população], acredito que lá para agosto ou setembro, o pessoal vai querer viajar. Quando acabar tudo isso, as pessoas vão estar com tanta vontade viajar e ir para escola que eu vou recuperar isso [o prejuízo]. Acredito que em dois anos eu vou estar respirando de novo, por isso estou segurando as pontas", concluiu Nakabashi.