Levantamento do A Cidade revelou que entre janeiro e maio o município teve a menor taxa de chuva desde, pelo menos, o ano 2000
Neste ano, Votuporanga registrou a menor 'quantidade' de chuvas desde 2000, segundo dados do Ciiagro (Foto: A Cidade)
Pedro Spadoni
pedro@acidadevotuporanga.com.br
Você deve ter reparado que, em Votuporanga, o clima está mais seco e que anda chovendo menos. Não é apenas uma sensação, pois um levantamento feito pelo A Cidade junto aos dados do Ciiagro (Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas) revela que o município enfrenta o período mais seco desde2000, quando os dados começaram a ser monitorados.
De acordo com os dados do Ciiagro, até anteontem Votuporanga tinha registrado 273,52 mm de precipitação acumulada. Na prática, esse dado representa a "quantidade" de chuva que caiu sobre o município. No mesmo período do ano passado, a cidade registrou 652,9 mm, isto é, 58% a mais do que este ano.
Os números são preocupantes porque, além de ter chovido pouco nos primeiros meses deste ano, a previsão é de que nos próximos chova ainda menos. Isso porque esse período costuma ser o mais seco do ano.
Chuvas
No período analisado pela reportagem, o ano que Votuporanga mais registrou chuvas foi entre janeiro e maio foi 2016. Neste ano, o município teve uma precipitação acumulada de 950,1 mm. Comparando a 2021, o número é aproximadamente 71% maior.
Já o ano em que o munícipio registrou a menor "quantidade" de chuvas, depois de 2021, foi 2018. Na época, a cidade teve 412,18 mm de precipitação acumulada. Apesar de ser um número baixo, em comparação aos demais anos do período analisado, ainda representa 33,64% mais chuvas do que registrado neste ano.
Impactos
A falta de chuvas impacta nossa vida de diversas formas. Uma delas, por exemplo, é a falta de água nas torneiras. Sobre isso, porém, o superintendente da Saev (Superintendência de Água, Esgotos e Meio Ambiente em Votuporanga), Antonio Casali, garantiu, em entrevista ao jornal A Cidade, que o risco de desabastecimento e racionamento de água no município é mínimo. Isso mesmo considerando o aumento do consumo de água na cidade durante a pandemia.
Outro impacto está relacionado à agropecuária, que, consequentemente, tem efeito nos preços nas gôndolas dos supermercados. Produtores rurais de Votuporanga, ouvidos pela reportagem, disseram que a "seca" atual é um dos motivos que fizeram o preço da carne aumentar.
O mesmo aconteceu nos postos de combustíveis do município. A gerente do Auto Posto Liberdade, Thais Carneiro, disse que a falta de chuva interfere na colheita da cana-de-açúcar, que é a matéria prima usada para produzir etanol. Consequentemente, o preço do combustível acaba subindo.
Queimadas
Outro efeito da falta de chuvas é o aumento de queimadas e incêndios. Tanto que a Polícia Militar Ambiental e o MPSP (Ministério Público do Estado de São Paulo) deflagraram a Operação Huracan nesta semana, por intermédio do Gaema (Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente).
O objetivo da operação, que contou com 450 policiais militares e se estendeu por todo o estado, foi a prevenção dos focos de incêndio em vegetações e, consequentemente, a redução dos impactos que esses incidentes acarretam à saúde da população.
Os policiais orientaram proprietários e produtores rurais sobre medidas de prevenção, como a manutenção dos aceiros nos canaviais, e os planos de prevenção contra incêndio nas margens de rodovias, ferrovias, zonas de amortecimento de unidades de conservação e outros pontos de vulnerabilidade.