‘Solo’ traz a história (e a jornada) de Ana e a reportagem conversou com Hanna Queiroz, diretora e roteirista, sobre a produção
O curta-metragem é uma produção da Cora Filmes; no detalhe, Hanna Queiroz, diretora e roteirista do curta, além de co-fundadora da produtora (Fotos: Arquivo pessoal)
Pedro Spadoni
pedro@acidadevotuporanga.com.br
No Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta terça-feira (09), o jornal
A Cidade lança luz sobre “Solo”, um curta-metragem cuja direção, roteiro e produção é da jovem Hanna Beatriz Queiroz, de 23 anos, que é natural de Votuporanga, mas atualmente mora em São Paulo, onde estudou cinema e produção audiovisual, após se formar em jornalismo.
O curta é da produtora independente Cora Filmes, co-fundada por Hanna, que organizou uma rifa on-line para arrecadar recursos e tirar o projeto do papel (saiba mais no final desta reportagem). Em entrevista exclusiva para a reportagem, Hanna deu detalhes sobre a produção do curta, as inspirações para o seu enredo e a relevância que ele possui para o contexto atual, tanto dentro da área do cinema quanto na sociedade de forma geral, já que a história se passa numa pandemia.
Sinopse
A ideia do curta-metragem é trazer a história de Ana, que vê sua rotina completamente alterada com a chegada de uma pandemia. Com esse novo contexto, vem a solidão, e logo as crises de ansiedade se instalam.
É durante uma dessas crises que Ana passa a conviver com a presença do Homem, um personagem que surge em seu apartamento sem explicações. Aos poucos, Ana percebe mudanças, não apenas em sua relação consigo mesma, mas também com sua nova vizinha, Mariana. A partir desta jornada de autoconhecimento, que se inicia com a chegada desses personagens, Ana dá uma nova chance a si mesma.
Além da direção, roteiro e produção de Hanna, o curta-metragem conta com o trabalho de Giovanna, responsável por organizar a parte orçamentária e burocrática do projeto.
Produção
A primeira coisa que Hanna contou à reportagem foi que o roteiro começou a ser construído logo após a pandemia chegar ao Brasil. “O roteiro eu escrevi em 2020, quando a pandemia começou e eu estava passando por alguns problemas de ansiedade e muitas mudanças acontecendo ao mesmo tempo - mudança de cidade, emprego, isolamento social, home office etc”, disse.
Portanto, escrever a história do curta foi uma forma de Hanna lidar com o que estava enfrentando na época. “[O curta] surgiu da necessidade de escrever sobre o que eu estava sentindo em 2020. A gente achava que tudo ia voltar ao normal depois de 15 dias de quarentena, mas agora fazem dois anos que vivemos essa nova realidade e tivemos que nos adaptar. Foi um grande alívio poder dividir essa história com todas as pessoas que se sentiram sozinhas e ansiosas, como eu”, contou.
Segundo Hanna, a gravação do curta está prevista para acontecer em setembro deste ano. Depois, ele será finalizado na pós-produção e inscrito em festivais de cinema nacionais e internacionais para a sua estreia, em 2023.
Relevância
Para a diretora e roteirista de “Solo”, o curta serve para fomentar a reflexão sobre a diferença entre solidão e solitude. “Acho que essa história pode ser um apoio e um acalento para quem se sentiu, de alguma forma, perdido. E a importância de se conhecer, de transformar a solidão em solitude, é libertador. É um resgate sobre como é bom estar vivo. A saúde mental se tornou um assunto central nos últimos dois anos. O debate sobre ansiedade precisa ser amplo para entendermos que não estamos sozinhos nessa jornada. E que existe uma saída”, disse.
Já em relação à equipe formada por mulheres, Hanna explicou o porquê isso é intencional. “Em todos os nossos trabalhos, nós priorizamos equipes formadas por mulheres, pois a área do audiovisual ainda é predominantemente masculina e branca. Um reflexo disso é o Oscar, premiação norte-americana de relevância mundial, onde em 94 anos de Oscar, apenas duas mulheres foram indicadas na categoria de melhor Direção de Fotografia. E nosso trabalho é mudar um pouco esse cenário, no que está ao nosso alcance, e dar oportunidade para que mais mulheres se profissionalizem”, finalizou.
Rifa on-line
Para que o curta-metragem “Solo” chegue aos festivais e, depois, ao público em geral, a produtora Cora Filmes organizou uma rifa on-line para angariar recursos. Cada rifa custa R$ 5 e quem quiser comprar precisa
preencher um formulário on-line. A arrecadação vai até o dia 30 de abril.
A rifa traz três metas e três prêmios, que serão sorteados conforme as metas forem atingidas. O prêmio da primeira meta (de R$ 5.475) é um vale-presente de R$ 150 da Submarino; o prêmio da segunda (de R$ 8.006) é uma caixa de som sem fio Go 2, da JBL; e o prêmio da terceira (de R$11.468) é um leitor de livros digitais Kindle, da décima geração.
“Até agora, arrecadamos R$ 1.495. Precisamos de mais, mas estamos felizes com o resultado alcançado até agora. Para complementar, em paralelo, estamos buscando patrocínios de empresas que tenham valores semelhantes ao nosso, voltados para o feminino e que se preocupem com a saúde mental”, disse Hanna.
Ela também ressaltou da importância - para ela e a equipe da produtora - de cada rifa comprada. “É muito importante para nós cada pessoa que apoia nosso trabalho. A cada rifa comprada, agradeço demais, pois isso torna o nosso sonho possível. Se puder deixar um recado para o público, seria: apoie a produção independente dos seus colegas, conhecidos, familiares e amigos. Tem muitas pessoas da área artística que dependem do seu incentivo para continuar. Fazemos arte para sobreviver”, finalizou.
Conteúdos relacionados à produção (e lançamento) do curta-metragem e às etapas da rifa serão publicados na página da produtora no Instagram (@cora.filmes).