Os preços do etanol e do diesel também subiram nos postos de Votuporanga; A Cidade conversou com motoristas sobre o aumento
Os preços dos combustíveis subiram mais uma vez nas bombas dos postos de Votuporanga; a gerente do Auto Posto Liberdade, Thaís Carneiro, e o empresário Marcos Cambrais comentaram sobre o aumento (Fotos: A Cidade)
Pedro Spadoni
pedro@acidadevotuporanga.com.br
Os votuporanguenses que passaram pelos postos de combustíveis da cidade na sexta-feira (11) perceberam uma novidade nada animadora: os preços dos combustíveis subiram, após quase dois meses de estabilidade. Agora, o litro da gasolina e do diesel, por exemplo, beiram os R$ 7, enquanto o do etanol está acima dos R$ 4. Quem acompanha o noticiário diário, porém, não foi pego de surpresa, já que os aumentos foram anunciados pela Petrobras na quinta-feira (10).
Desta vez, a petrolífera anunciou os aumentos de 18,8% no preço da gasolina e de 24,9% no preço do diesel. Também foi anunciado o acréscimo de 16,1% no valor do GLP (gás liquefeito de petróleo), usado no botijão de cozinha, após 152 dias sem alterações.
“Os valores da gasolina, do etanol e do diesel subiram para todos os postos. O aumento foi de, em média, 20%. E foi por conta da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Estava na cara que ia acontecer isso. Até essa guerra acabar, a previsão é de aumentos”, disse Thais Carneiro, gerente do Auto Posto Liberdade, em entrevista ao jornal
A Cidade.
Aumentos
Com o aumento, o preço médio da gasolina da Petrobras vendida às distribuidoras (antes de acréscimos como impostos, custo de distribuição e margem de lucro do resto da cadeia) passará de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro. O preço médio do diesel vendido às distribuidoras subirá de R$ 3,61 para R$ 4,51 por litro. Já o preço do gás vendido às distribuidoras terá uma elevação de R$ 0,62 por kg, de R$ 3,86 para R$ 4,48 em média.
Segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o preço médio da gasolina que chega ao consumidor final no país estava em R$ 6,577 na semana encerrada em 5 de março. O diesel custava, em média, R$ 5,603. O preço médio do botijão de gás de 13kg atualmente é R$ 102,64.
Consumidores
Para o empresário e cantor de Valentim Gentil, Marcos Cambrais, que dirige para Votuporanga todos os dias por conta do seu trabalho, esses aumentos fazem com que as pessoas precisem se adaptar.
“Quando vem os aumentos, temos que nos adaptar, mudar as estratégias etc. Mas está complicado, porque tudo está subindo. [O aumento do preço dos combustíveis] impacta, principalmente, quando precisamos nos deslocar. Eu, por exemplo, moro em Valentim Gentil e tenho que vir todo dia para Votuporanga. Então, isso acaba impactando o meu orçamento, porque dirijo 30 km por dia. No fim do mês, faz uma diferença muito grande”, contou, em entrevista à reportagem.
Já para Elaine Martins, que é trabalhadora autônoma em Votuporanga, os aumentos são, no contexto da economia, apenas uma espécie de consequência.
“Acho que tudo tem custo, nada é de graça. Por isso, acontecem esses aumentos. O combustível, por exemplo, temos que considerar o frete, o caminhão, o motorista etc. Por mais que as pessoas falem do aumento dos combustíveis, acredito que nós temos que considerar, também, o que ele está te proporcionando. Ele permite, por exemplo, que seu carro funcione para você ir trabalhar. O que te traz de benefício e malefício é o que você faz da sua vida e do seu dia a dia. Você trabalha para isso. No caso do combustível, se você não quiser ter custos, vai ter que trabalhar a pé”, afirmou.
A autônoma também opinou sobre a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. “No caso do Brasil, acredito que o país não vai ser tão prejudicado [por consequências da guerra entre a Rússia e a Ucrânia] porque temos uma política mais passiva e branda. Por conta da nossa ‘amizade’ com eles [outros países], não queremos prejudicá-los. Agora, se eles são assim e agem dessa forma, vamos fazer o que? Não podemos abraçar o mundo. Vamos viver o nosso dia a dia, levantar e ir trabalhar”, finalizou.
Medidas
Após o anúncio do aumento, o Senado colocou em pauta propostas que buscavam conter os efeitos do reajuste. Senadores aprovaram anteontem um projeto de lei que cria um fundo de estabilização para os preços dos combustíveis, que usaria valores de royalties e dividendos da Petrobras à União, entre outros, para reduzir a volatilidade do mercado no Brasil. A proposta também cria um auxílio-gasolina para motoristas. Uma mudança na cobrança do ICMS, imposto estadual que incide sobre combustíveis, também foi aprovada. Os dois projetos ainda precisam ser analisados na Câmara.
Em um comunicado, a Petrobras disse que não repassou de imediato ao mercado interno a volatilidade nos preços internacionais do petróleo ocasionada pela guerra entre Rússia e Ucrânia. No entanto, como os preços se mantiveram em patamares elevados, diz a nota, “tornou-se necessário que a Petrobras promova ajustes nos seus preços de venda às distribuidoras para que o mercado brasileiro continue sendo suprido, sem riscos de desabastecimento”.
O preço do petróleo no mercado internacional, que já estava alto, voltou a disparar na terça-feira (08), após EUA e Reino Unido anunciarem proibições às importações do produto produzido na Rússia, como represália pela invasão à Ucrânia. No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem demonstrado intenção de alterar a política de preços da Petrobras, que estabelece a paridade do petróleo vendido às refinarias com os valores internacionais.