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Cidade
Votuporanga completa dois anos do 1º caso de Covid; infectologista analisa o que mudou
Cidade completa neste dia 31 exatos dois anos do registro do primeiro caso de coronavírus na cidade; dra.Regina Silvia Chaves de Lima fala sobre o que mudou de lá para cá
A médica infectologista, dra. Regina de Lima, analisou a evolução do cenário da pandemia de 2020 para os dias atuais em Votuporanga (Foto: Santa Casa)
Da redação
Em 31 de março de 2020 Votuporanga registrou o primeiro caso de Covid-19. Passava pouco das 9h daquele dia, quando o então prefeito, João Dado (PL) e a secretária de Saúde da época, Márcia Reina, anunciaram a confirmação do resultado de exames feitos pelo médico Emílio Celso Barbieri, de 69 anos, em uma transmissão pelas redes sociais.
A notícia, em meio ao pânico que tomava conta do mundo à época por conta da doença, apavorou a população e deu lugar a uma série de medidas restritivas que foram ampliadas com o passar do tempo. Hoje são mais de 27 mil casos já confirmados e 491 mortes registradas em Votuporanga.
Ao longo desses dois anos, gestores (na esfera municipal, estadual e federal), autoridades em saúde pública e a própria sociedade somaram erros e acertos no combate à pandemia até chegar a este momento, que é encarado como o mais próximo da normalidade, desde que o vírus chegou ao país. As máscaras, já não são mais obrigatórias e mais de 85% da população está totalmente imunizada contra a doença.
Para analisar este cenário, o jornal A Cidade conversou com a médica infectologista, dra. Regina Silvia Chaves de Lima, que atua na Santa Casa de Votuporanga e está na linha de frente de enfrentamento ao vírus desde o primeiro caso registrado na cidade. A profissional da saúde respondeu algumas perguntas e disse que achou precoce a decisão de desobrigar o uso de máscaras. Confira:
Dois anos se passaram desde que o primeiro caso de Covid-19 foi confirmado em Votuporanga. O que mudou de lá para cá na vida dos profissionais de saúde?
Foi uma mudança bem complexa e ao mesmo tempo intensa. Em um curto período de tempo os profissionais se viram com os hospitais superlotados, com UTIs sem vagas, com pacientes jovens indo a óbito e muitas vezes famílias inteiras indo a óbito, avó, mãe, neta. Num ambiente hospitalar a paramentação se fez numa rotina e uma rotina pesada, o tempo todo para os pacientes em isolamento e a higiene de mãos foi muito intensificada, todos os cuidados redobrados com relação à rotina do hospital. Foram muitos momentos de tristeza e também muitos de alegria, quando um paciente grave passava por tudo isso e conseguia ter alta, o que nos dava alguns momentos alegres de vencer a Covid-19.
Qual foi o pior momento da pandemia em sua opinião? O pior momento da pandemia foi a superlotação dos hospitais, em que a gente não conseguia vaga por todos os pacientes graves que precisavam de UTI naquela época. Foi muito angustiante ver pacientes jovens hígidos ficaram no pronto socorro e as vezes até faleciam sem conseguirem chegar até uma UTI. Isso foi muito triste e angustiante para gente.
Qual foi a maior dificuldade na luta contra o vírus? A maior dificuldade foi a falta de profissionais com relação à capacitação. Faltou muito intensivista, infectologista e no momento em que o número de pacientes era maior que o número de leitos e maior do que o número suportável para os serviços de saúde e recursos humanos suportarem na pandemia.
A sociedade aprendeu algo, no seu ponto de vista, com a pandemia? A sociedade mudou bastante na questão da pandemia, falando muito sobre reclusão, isolamento, em que muitas pessoas se voltaram um pouco mais para a família, um pouco mais para a educação dos filhos, valorizando esse momento tão importante, que as vezes passava despercebido por conta do trabalho e das necessidades extremas, pois as pessoas se viram confinadas em casa. Fora essa questão, teve também a organização dos serviços, do uso de máscaras, a intensificação da higiene, a presença de álcool em gel em todos os ambientes, então nesse aspecto foi um ganho muito grande na questão humanitária, de higienização e de vários valores.
Qual seria o cenário em Votuporanga hoje se a vacinação não tivesse avançado? O cenário nessa nova pandemia que tivemos, com a nova cepa, uma baixa cobertura vacinal seria muito ruim, pois foi uma disseminação intensa, onde a pessoa se infectava e daqui dois ou três dias já estava com os sintomas e com a vacinação a maioria foi de sintomas leves, então realmente, para quem adoeceu e precisou de leitos de UTI a gente teve a qualidade adequada e a disponibilidade desses leitos. A vacina foi a grande responsável por poucos casos graves, diminuindo essa demanda e fazendo com que os serviços de saúde dessem conta de dar uma boa assistência e com qualidade, com vagas de Uti para todos, com vagas de enfermaria e profissionais capacitados nesse momento. A vacina foi um grande marco.
Recentemente o Governo do Estado retirou a obrigatoriedade do uso de máscaras. A decisão foi assertiva? Realmente já é possível dar esse passo? A evolução do vírus nos tem mostrado que você pode se infectar várias vezes, mesmo com a vacinação em dia. Em pacientes imunodeprimidos, mesmo com três, quatro doses de vacina, a resposta imunológica ainda é inadequada, esses pacientes se infectam e muitos complicam, precisando de vagas de UTI e alguns até evoluem para o óbito. Então é um pouco precoce ainda, mediante a tudo que se passou no cenário mundial com relação ao vírus, para gente já ter tanta segurança em liberar a máscara quase que de forma indiscriminada como foi, ficando poucos lugares com o uso obrigatório. Mas, vamos aguardar e ver como será a evolução dessa cepa, dessas mutações para ver como que será a evolução desse vírus.
Notícia publicada no site: www.acidadevotuporanga.com.br
Endereço da notícia: www.acidadevotuporanga.com.br/cidade/2022/03/votuporanga-completa-dois-anos-do-1-caso-de-covid-infectologista-analisa-o-que-mudou-n72453
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