Votuporanguenses, conforme o levantamento, possuem um patrimônio médio de R$ 50 mil; na região o município só perde para Rio Preto
Marcelo Neri, diretor do FGV Social e PhD em economia pela Universidade de Princeton, falou sobre o estudo ao A Cidade Foto: FGV
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuporanga.com.br
Onde estão os mais ricos no Brasil? Boa parte deles está em Votuporanga, conforme um estudo divulgado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), intitulado como o “Mapa da Riqueza”. Dentre os 5.568 municípios brasileiros, a cidade ocupa a 253ª posição no ranking dos lugares do Brasil com mais renda e a 108ª colocação no Estado de São Paulo.
O levantamento, segundo a FGV, une a base de dados do IRPF (Imposto de Renda das Pessoas Físicas) à da Pnad Contínua, conforme o índice de Gini – instrumento para medir o grau de concentração de renda. Este estudo mapeia fluxos de renda e estoques de ativos dos mais ricos brasileiros a partir do último IRPF disponível.
De acordo com os dados, a renda média dos votuporanguenses foi calculada em R$ 1.540,62 e patrimônio é estimado em mais de R$ 50 mil por habitante. Na região o município perde apenas para São José do Rio Preto, que ocupa a 56ª posição no ranking nacional com uma renda média de R$2.276,79 e um patrimônio estimado em R$ 79,8 mil.
O estudo revela ainda que a renda média dos moradores de Votuporanga cresceu cerca de 7,6% em relação ao levantamento anterior, de 2019. À época a renda da população era estimada em R$ 1,4 mil e o patrimônio em R$ 45 mil.
“Os números são positivos e acredito que só não são melhores, pois são referentes a 2020, ou seja, no período de pandemia. Isso se deve muito ao perfil econômico da cidade que vem se alterando ao longo dos anos. Antes nós tínhamos uma economia baseada na indústria e hoje estamos migrando para o serviço, o que é natural e é visto nas maiores cidades do mundo. Isso é bom, pois diversifica a economia e a cidade acaba não dependendo tanto de fatores externos”, disse o economista votuporanguense Juny Figueredo, professor da Faculdade Futura.
Dentre as maiores cidades da região, depois de Votuporanga e Rio Preto, a que mais se destaca é Mirassol, que tem uma renda média por habitante de R$ 1.496,10 e um patrimônio de R$33 mil. Logo na sequência aparece Fernandópolis com uma renda de 1.476,27 e patrimônio médio de R$46 mil.
Na Comarca, a cidade com a população mais rica, depois de Votuporanga, é Álvares Florence. Por lá a renda média é de R$ 1.104,48 e o patrimônio passa de R$ 33,9 mil. Valentim Gentil vem logo na sequência com R$ 656,87 de renda média e patrimônio de R$ 20,5 mil; e por fim aparece Parisi com uma renda média de R$ 632,53 e um patrimônio médio de R$ 16 mil.
O dinheiro está nas mãos de poucos
Apesar dos números serem positivos do ponto de vista econômico, eles revelam, conforme a FGV, que a desigualdade de renda no Brasil é ainda maior do que o imaginado. Isso porque a riqueza está concentrada nas mãos de uma pequena parcela da população.
Prova disso é que apenas 19,31% dos moradores de Votuporanga declaram o Imposto de Renda. Levando em consideração apenas essa parcela da população, a renda média salta para R$ 7,9 mil e o patrimônio médio passa de R$261 mil.
Mesmo assim, segundo Marcelo Neri, diretor do FGV Social e PhD em economia pela Universidade de Princeton, são números a se comemorar diante da realidade nacional.
“Se a gente comparar Votuporanga com o Brasil, Votuporanga é mais rica que o país, com 20% a mais de renda, e se pegarmos só os municípios com mais de 50 mil habitantes ela está entre os 20% mais ricos do Brasil. Em relação à desigualdade, ela é 30% menor em comparação com os números do país, ou seja, possui riqueza e não tem tanta desigualdade”, afirmou Neri, em entrevista exclusiva ao A Cidade.