Dr. João Ricardo Leão, médico especialista, alerta para impactos silenciosos da IA na saúde mental e no funcionamento do cérebro humano
Dr. João Ricardo Leão (Foto: Divulgação)
Com o avanço acelerado da inteligência artificial (IA) no dia a dia, especialistas começam a soar o alarme: o cérebro humano pode estar pagando um preço alto pela comodidade digital.
Para o neurologista Dr. João Ricardo Leão, a resposta é clara — e preocupante. "Estamos substituindo funções cognitivas essenciais por tecnologia, e isso está provocando uma atrofia cerebral silenciosa. O cérebro precisa ser usado. Caso contrário, começa a perder suas habilidades mais sofisticadas”, disse.
Segundo o especialista, o uso constante de ferramentas de IA — como chats, assistentes de escrita e organizadores automáticos — está afetando diretamente regiões do cérebro responsáveis por memória recente, atenção sustentada, raciocínio lógico e processos criativos.
A tendência, segundo ele, é alarmante:
Menor esforço mental: o cérebro deixa de ser desafiado quando tudo está pronto e automatizado.
Redução na capacidade de memorizar informações: o uso excessivo de lembretes digitais e buscas rápidas diminui o hábito de “guardar” dados mentalmente.
Dificuldade de foco: a resposta imediata da IA condiciona o cérebro à impaciência e à distração constante.
Queda na criatividade: a terceirização do pensamento criativo compromete a originalidade e a imaginação.
Para o Dr. João, estamos entrando em uma era de dependência intelectual, em que o ser humano abre mão de suas próprias capacidades cognitivas básicas em troca de conveniência.
“A inteligência artificial é uma ferramenta poderosa. Mas quando deixamos de pensar, planejar, criar e lembrar por conta própria, estamos cedendo não só autonomia, mas também saúde cerebral.”
O que diz a neurociência?
Estudos recentes confirmam o alerta: o cérebro funciona com base na “lei do uso” — quanto menos se usa, mais se perde. E a plasticidade cerebral, tão celebrada por sua capacidade de adaptação, também responde negativamente à inatividade cognitiva.
"O que antes era exercitado no dia a dia — como lembrar um telefone, montar uma frase bem estruturada ou tomar uma decisão — hoje é delegado a um algoritmo", explica o neurologista.
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ORIENTAÇÕES DO ESPECIALISTA PARA MANTER O CÉREBRO SAUDÁVEL NA ERA DA IA
? Pense antes de pedir ajuda à IA: estimule seu cérebro a resolver questões simples antes de recorrer à tecnologia.
? Ative sua memória diariamente: tente lembrar informações importantes sem usar aplicativos ou buscas online.
? Crie de forma autêntica: escreva textos, desenhe, toque instrumentos, crie soluções — sem depender de sugestões automatizadas.
? Mantenha o foco com práticas reais: leia livros físicos, faça atividades offline e fuja da multitarefa digital.
? Estabeleça limites para o uso de IA: reserve períodos do dia sem contato com ferramentas automatizadas, como um “detox cerebral”.