O professor e psicólogo Tiago Moreno Lopes Roberto, gestor da Faculdade Futura, falou sobre o assunto
Tiago Moreno Lopes Roberto (Foto: A Cidade)
Daniel Marques
daniel@acidadevotuporanga.com.br
A Faculdade Futura de Votuporanga – Grupo Educacional Faveni destaca a relevância da campanha Setembro Amarelo, movimento nacional de prevenção ao suicídio. Para aprofundar o debate, o gestor da instituição, professor Tiago Moreno Lopes Roberto, esteve na rádio
Cidade FM 94,7 para falar sobre o assunto.
Tiago é professor, psicólogo, especialista em saúde mental, mestre em Psicologia da Saúde, doutorando em Ciências da Saúde e autor de capítulos de livros sobre comportamento suicida.
Segundo o docente, o mês de Setembro Amarelo é fundamental para despertar a consciência da sociedade em relação ao cuidado com a saúde mental e à prevenção do suicídio. “É um mês de reflexão e de apoio. É um mês dedicado para falarmos mais sobre saúde mental. Assim, a rede de atenção psicossocial e até mesmo todos os profissionais da saúde de uma forma geral têm no calendário do SUS essa programação.”
O que é o Setembro Amarelo?
Criado no Brasil em 2015, o Setembro Amarelo é uma campanha nacional voltada à prevenção do suicídio. A iniciativa é organizada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), e busca dar visibilidade ao tema, quebrando tabus e incentivando a busca por ajuda.
De acordo com o professor Tiago, durante muito tempo o suicídio foi tratado como um assunto proibido e cercado de estigmas. Essa postura, segundo ele, contribuiu para que muitas pessoas sofressem em silêncio, sem buscar apoio. “E hoje sabemos que a forma mais responsável e mais empática é falar sobre os nossos sentimentos, os nossos desconfortos e aquilo que de fato gera incômodo. Então, é um mês que permite abrir mais esse assunto, e até mesmo desmistificando alguns tabus em relação a esse tema. E também buscamos ressaltar que essa pessoa não está sozinha, porque existe uma rede de apoio, existe uma rede de saúde que está apta para receber essas pessoas que estão em sofrimento.”
O suicídio como fenômeno multifatorial
Questionado sobre os principais motivos que podem levar uma pessoa a desenvolver pensamentos suicidas, Tiago reforça que o suicídio não possui uma única causa, mas é resultado de uma combinação de fatores. “Então esse sentimento de desesperança, esse sofrimento psicológico pode ser agregado por vários fatores ao longo prazo, não é algo de um momento, talvez essa pessoa já está em sofrimento há muito tempo e isso vem a desgastando, aumentando e vem gerando um impacto na vida desse indivíduo em vários aspectos: no relacionamento, na vida familiar, na vida profissional.”
Como identificar sinais de alerta
O professor destacou ainda alguns sinais que podem indicar que uma pessoa está em risco de suicídio, como mudanças bruscas de comportamento, isolamento social, falta de interesse em atividades que antes eram prazerosas, fala recorrente sobre morte ou inutilidade, além de alterações no sono e no apetite.
Ele reforça que a escuta sem julgamento é essencial para acolher quem passa por esse sofrimento. “É essencial ouvir essas pessoas sem julgar, é importante incentivar essa pessoa a procurar um profissional da área da saúde, um médico, um psiquiatra, um psicólogo, enfim é deixar essa pessoa verbalizar em relação a esse sofrimento.”
Inteligência Artificial não substitui a escuta humana
Durante a entrevista, Tiago também destacou um fenômeno atual: a busca por ajuda em ferramentas de Inteligência Artificial. Apesar de úteis em alguns contextos, ele alerta que elas não substituem a relação humana e o acolhimento profissional. “A IA não é humana, e muitas vezes ela acaba acatando tudo o que a gente pergunta, por isso é importante procurar um profissional, porque a Inteligência Artificial não substitui a relação humana.”
Como abordar alguém em sofrimento
Segundo o especialista, a abordagem a uma pessoa que apresenta sinais de sofrimento deve ser feita com cuidado e empatia. É importante, em primeiro lugar, perguntar como ela está e se está tudo bem, entendendo se a situação é momentânea – como o luto ou o término de um relacionamento, por exemplo – ou se é algo que vem se prolongando no tempo. Para ele, acolher os sentimentos da pessoa no momento presente é um passo fundamental para que ela se sinta apoiada.
Onde buscar ajuda
O professor frisa que a rede pública e comunitária de saúde está preparada para acolher quem precisa. Entre os locais de apoio, estão: Unidades Básicas de Saúde (UBS); Centros de Atenção Psicossocial (Caps); Clínicas-escola de Psicologia; UPA; Centro de Valorização da Vida (CVV), pelo telefone 188, que oferece atendimento gratuito e sigiloso em todo o Brasil.
Um chamado à conscientização
Com o Setembro Amarelo, a Faculdade Futura de Votuporanga destaca seu compromisso de disseminar informações e quebrar tabus sobre saúde mental. O professor Tiago encerrou destacando que a campanha é um convite à empatia, à escuta e à solidariedade.