Aves estão por toda parte na praça da Matriz e podem trazer riscos à saúde; pessoas contam que dão comida porque têm dó
Karolline Bianconi
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Quem passa pela praça da igreja Nossa Senhora Aparecida, a Matriz, vê que há muitos pombos. As aves estão tão à vontade que não se incomodam com quem passa pelo local. Sobrevoam cabeças, vão onde as pessoas estão e até circulam internamente pela igreja.
Há quem diga que a presença maciça destas aves ocorre porque os frequentadores da praça passaram a alimentá-las. Nair Dias Dionízio, por exemplo, trabalha na revenda de bilhetes de prêmios e diz que quando come algo divide com os pombos. “Estes bichinhos não atrapalham em nada”, falou.
O comerciante Júlio César Scrignoli, 37, vende água de coco pelo local. Ele diz que os pombos não atrapalham suas atividades. Porém, como há acumulo de animais próximo dos clientes, ele abre a fruta e coloca no canteiro para que os pombos se alimentem.
Sobre a doença que o animal transmite, ele disse: “meu avô, por exemplo, morreu de câncer e não da ‘doença do pombo’. Ele até comia estas pombinhas no sítio, na época em que era jovem. Acho que o povo generaliza muito. As famílias até querem tirar foto perto das aves, as crianças gostam de brincar”, contou. Um cliente que estava sendo atendido pelo comerciante, mas que preferiu não se identificar, disse que também alimenta os pombos com pipocas e bolachas.
Aparecida Ferreira Moura, que trabalha como babá, diz que conhece a doença que a ave transmite aos animais e prefere não alimentá-los.
O marceneiro Mauro Batista, 41, também é contra a atitude. “Nosso tipo de comida é diferente da destes animais”.
Para a dona de casa Adelice de Souza Silva, 61, dar qualquer tipo de alimento para estes animais é irrelevante. “Eles têm seu próprio sustento, como sementes e outros bichinhos. Alimentá-los, na minha visão, é uma falta de ter o que fazer”, exclamou.
Veterinário do Secez diz que atitude não é correta e pede conscientização
O veterinário Elcio Sanches Esteves Júnior, do Secez (Setor de Controle de Endemias e Zoonoses), diz que não é aconselhado alimentar pombos, pois assim, eles irão buscar grãos e outros alimentos na zona rural. “Com isso, não teríamos o risco das doenças”, falou. Ele contou que nenhuma pessoa foi diagnosticada com a criptococose, assim como não houve óbito pela doença na cidade.
A Secretaria Municipal da Saúde tem orientado e fiscalizado por parte da vigilância sanitária e educação em saúde.
Elcio recomenda que os moradores criem barreiras físicas, por exemplo, com telas em aparelhos de ar-condicionado, frestas e sacadas.
Controle
A Prefeitura informou, através de nota, que o controle dessas aves é dificultado pela alimentação e abrigo oferecidos pela população. Diante disso, a orientação é que uma das principais medidas é conscientizar a população a não alimentar e criar pombos. “É preciso a contribuição dos moradores, pois assim eles não irão reproduzir com grande facilidade”, informou a administração municipal.
Nas escolas já foram tomadas medidas preventivas como aplicação de gel específico de combate aos pombos nas coberturas dos prédios, além das proteções de telas para evitar o pouso desses animais e a confecção de ninhos.