Secretaria da Saúde informa que 79,35% são de incidentes típicos da profissão e 20,19% de trajetos da casa ao serviço e vice versa
O funileiro Leonardo ficou tetraplégico após cair de um telhado
Isabela Jardinetti
isabela@acidadevotuporanga.com.br
Votuporanga já registrou este ano, 1.981 casos de acidente de trabalho. No ano passado foram 920 casos, sendo 1061 a menos do que em 2014. Faltando ainda dois meses para fechar o ano, houve um aumento de 115% nos registros notificados para Secretaria da Saúde.
Dados da secretaria apontam que 79,35% dos acidentes são típicos da profissão e 20,19% de trajetos.
O médico Emílio Barbieri conta que as empresas de medicina do trabalho orientam para os empresários se preparem contra esses imprevistos dentro do ambiente de serviço.
“Fazemos treinamentos constantes com as corporações, algumas até organizam também um dia de integração com os funcionários para passar instruções importantes para evitar que aconteça algum problema”.
O acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício da atividade profissional, a serviço da empresa, provocando lesão corporal, perturbação funcional, perda ou redução da capacidade para o trabalho, permanente ou temporária.
Os serviços de saúde de Votuporanga recebem os acidentados e realizam as notificações para a Vigilância Epidemiológica, órgão da Secretaria Municipal de Saúde, que informou que atua constantemente em parceria com outras secretarias, como por exemplo, a de Trânsito, na tentativa de diminuir os acidentes.
“Há as ações de orientação e prevenção promovidas junto às empresas pela Vigilância Sanitária, para que os acidentes típicos sejam reduzidos. A Vigilância Sanitária é ainda a responsável pela investigação de cada um dos acidentes de trabalho”.
Descuido
O encarregado de construção civil, Benedito Pachedo de Macedo, de 61 anos, trabalha na área há mais de 40 anos. Na semana passada, sofreu um acidente em uma obra na cidade de Américo de Campos.
“Foi quase que um vacilo meu. Já participei de tantas reuniões da empresa para orientações de segurança. Mas aí, do nada, dei uma marretada na mão esquerda que pegou dois dedos”, contou.
Benedito estava fazendo a marcação da fundação de uma construção quando o acidente aconteceu. Ele pegou um atestado temporário de 90 dias, e ainda corre o risco de perder um dos dedos.
“Nunca tinha acontecido nenhum acidente comigo, mas é aquela história, a gente acostuma com o serviço e acha que nunca vai acontecer. Às vezes isso foi como um alerta para eu ficar mais atento”.
Incêndio
Também na semana passada, um operário teve partes do corpo queimadas em um incêndio em uma indústria de carrocerias de Votuporanga. Ele foi transferido para um hospital especializado em queimados em Ribeirão Preto, o estado de saúde dele ainda é grave.
Tetraplégico depois de cair do telhado, Leonardo Gouveia se recupera em casa
O funileiro Leonardo Gouveia dos Santos, de 25 anos, sofreu um acidente de trabalho em julho do ano passado, após cair de um telhado. Ele ficou tetraplégico e precisou ficar internado por onzes meses, sete deles na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da Santa Casa de Votuporanga.
Há três meses em casa, com a mulher Caroline Lorena Ramos Araújo, de 20 anos, e a filha Julia, de dois anos. O casal conta que ainda precisam de doações para manter os cuidados de Leonardo.
“Ele precisa fazer fisioterapia todos os dias, a Secretaria da Saúde nos oferece só duas vezes na semana, e conseguimos mais uma vez no AME. Os outros dois dias da semana dependemos de doações para conseguir pagar o profissional”, conta Caroline.
Leonardo disse que se sente muito melhor em casa. “Posso receber visitas de amigos e parentes a qualquer momento e ainda vou na igreja duas vezes na semana”.
Casamento
Para poder dar andamento nos papeis de aposentadoria de Leonardo, Caroline realizou o sonho de quase toda mulher e se casou na UTI em 24 de janeiro deste ano. O casamento, que foi inédito na cidade e na Santa Casa, foi realizado por um juiz de paz do Cartório de Registro Civil de Votuporanga.
Doações
A família aceita doações de qualquer tipo, principalmente de alimentos e materiais para curativos. Interessados em ajudar podem entrar em contato pelos telefones (17) 99145-0747 ou (17) 3422-1086, ou ir até a casa do casal, que fica na rua Rio de Janeiro, 1876.