A meta diária da produção das grandes fábricas de calçados deixa a desejar no quesito qualidade, de acordo com um sapateiro
Karolline Bianconi
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Com a ampla opção de profissões hoje oferecidas no mercado de trabalho, existe uma, entre outras, que corre o risco de ser extinta. Isto porque quem a exerce acredita que dentro de 10 anos não será mais encontrada.
O ofício de sapateiro não é mais procurado por jovens como no passado, onde garotos iniciavam na empresa e, com o passar do tempo e aperfeiçoamento, conseguiam até abrir o próprio negócio. Esta é a análise feita por José Antônio Horácio, conhecido como “Zé Sapateiro”. Ele está na profissão há 36 anos.
Para José, o grande impasse que a profissão de sapateiro encontra hoje é a falta de interesse em se aprender o ofício. “Eu creio que daqui uma década não existirá mais. Ninguém quer aprender, os jovens de hoje não têm paciência em lidar com o serviço. Acontecerá o que todos já sabem: vai se extinguir”, lamentou. José relembrou que começou a aprender com o antigo sapateiro Antônio Sanches Peres, aos 13 anos. Um dos grandes truques passados pelo profissional foi a costura habilidosa em sapatos de couro masculino. “É muita dedicação e carinho para poder consertar calçado. Toda profissão tem seus altos e baixos, e eu gosto muito do que faço”, destacou.
A meta diária da produção das grandes fábricas de calçados deixa a desejar no quesito qualidade. A opinião é do sapateiro Mário Alves Batista, que tem 52 anos de profissão. Ele é responsável por fabricar sapatos sob medida, especialmente para clientes com diabetes ou com necessidades especiais. “Nosso calçado é mais reforçado, com maior qualidade. As indústrias focam produção em larga escala e às vezes não oferecem um bom produto”, disse.
Sérgio Luis Ramos Sanches é filho do fundador da sapataria Sanches, Antônio Sanches Peres, que faleceu em junho deste ano. O estabelecimento existe há mais de 60 anos.
O movimento diário é de 20 consertos, sendo que o prazo final de entrega é de até uma semana. “Temos uma grande procura de clientes da região, como Fernan-dópolis, Cardoso, Américo de Campos, Álvares Florence, Cosmorama, Nhandeara e Sebastianópolis o Sul. Agradecemos a todos pela fidelidade”, falou.
Peres analisa que o estabelecimento comercial poderia ter tido mais maquinário para agilizar o atendimento. Entretanto, a administração priorizou sempre a qualidade do serviço manual oferecido pelos sapateiros.