Banco de Leite da Secretaria de Saúde não recebe a quantidade de doações necessária para suprir a demanda do hospital
Polyana dá o exemplo doando o seu leite para outros bebês
Isabela Jardinetti
A Unidade de Terapia Intensiva – UTI Neonatal da Santa Casa de Votuporanga está sem leite materno há 11 dias. O estoque do Banco de Leite da cidade baixou e o hospital foi forçado a usar fórmulas infantis, que é caro e nem todo bebê prematuro aceita.
Para que a Unidade possa funcionar bem, são necessários 35 litros de leite materno por mês, no entanto, a média que o hospital recebe é de um 1/3.
“Para garantir um bom estoque, o Banco de Leite Humano da Secretaria Municipal de Saúde, deve receber aproximadamente 6 litros por semana”, conta a médica Lara Galvani Greghi, neonatologista responsável pela UTI Neonatal.
“O leito materno é específico para amamentar o filho e é o melhor alimento para o bebê. No caso do prematuro, isso refletirá no melhor ganho de peso, imunidade e até mesmo a diminuição do tempo de internação, ou seja, haverá diversos benefícios. Vale ressaltar que qualquer mãe pode doar, basta passar pela triagem”, disse Lara.
A médica também contou que outro fator preocupante é que as mães de prematuros não conseguem suprir a necessidade de amamentar, por isso a importância de mães de bebês saudáveis doarem o leite.
“Ressaltamos que as mães que contribuem estão ajudando a salvar vidas e todos sabem qual é a alegria de ter o filho nos braços”, concluiu a neonatologista.
Comoção
A mãe Adrielly Cristina de Souza Pastor, de 16 anos, é da cidade de Mira Estrela e deu à luz a Laura Vitória no dia 14 de setembro. O bebê nasceu com 26 semanas (seis meses), na Santa Casa de Votuporanga, e precisa do leite materno todos os dias. Porém, o leite da mãe secou e ela conta com a ajuda de outras mulheres para amamentar sua filha.
“No começo eu tinha bastante leite, e até tirava para doar aos outros bebês, mas aí, como minha filha fica aqui na UTI Neonatal, não havia estímulo e o meu leite secou”, contou.
Foi aí que Polyana Carvalho da Silva Waiteman, de 26 anos, que é de Pontes Gestal se dispôs a ajudar. Polyana também tem seu filho internado na UTI Neonatal. O pequeno João Marcos Silva Waiteman nasceu no dia 26 de setembro, com 28 semanas (6 meses e meio).
“Sinto que o que estou fazendo é mais que minha obrigação, pois sei que estou matando a fome do meu filho e também de outros bebês. Fico muito feliz me sentindo útil como um ser humano e fazendo a minha parte”, disse Polyana.
Já Adrielly pede que outras mães também façam o mesmo, doando o leite. “Espero que as mães se conscientizem de que também podem ajudar muitos bebês que precisam, inclusive a minha”.
Polyana e Adrielly passam o dia todo na Santa Casa e viajam de suas cidades todos os dias para cuidar dos filhos. Os bebês não têm data definida para sair da UTI Neonatal.