Supermercados têm alta nos preços da carne em 2,40% e nos legumes com 11,10% no mês de outubro no estado de São Paulo
Isabela Jardinetti
isabela@acidadevotuporanga.com.br
Os preços nos supermercados do estado de São Paulo tiveram alta de 0,76% em outubro em comparação com o mesmo período de 2013, segundo a Associação Paulista de Supermercados (APAS). A alta verificada em outubro esteve diretamente relacionada, principalmente, ao aumento nos preços das carnes (2,40%) e dos legumes (11,10%).
Os preços dos semielaborados (carnes, cereais e leite) apresentaram elevação em outubro de 1,19%, impactados diretamente pela alta nos preços das carnes bovinas (2,40%), carnes suínas (7,07%) e aves (3,38%). Em 12 meses, o aumento nos preços dos semielaborados foi de 5,39% e, no acumulado do ano (janeiro a outubro), foi de 6,71%.
Com a alta vindo dos fornecedores, os donos de supermercados não têm outra alternativa, a não ser repassar o valor para o consumidor.
“Nós estamos em um período difícil, é complicado, pois temos que repassar esses preços mais altos. Em compensação, o consumo está um pouco retraído, com a desaceleração da inflação. Os legumes, por exemplo, tiveram alta de mais de 10% nos preços, isso devido ao período de estiagem que tivemos esse ano. Com isso, a carne também ficou mais cara”, contou Renato Martins, proprietário do Supermercado Santa Cruz do Pozzobon.
Ele também comentou que o aumento no preço do combustível, do frente, entre outros fatores contribuíram para a alta nos preços dos produtos. “O imposto nas bebidas também iria subir mais, porém, o governo decidiu segurar um pouco. Todo mundo está reclamando, com essa desaceleração da economia, tudo ficou mais caro”.
Reclamações
O ajudante de entrega Everton Magri Rodrigues Kurtz, de 30 anos, resolveu escolher uma carne mais barata para levar para casa. “Não tem condições de comprar carne de primeira, a opção é levar uma carne de segunda e intercalar um frango e porco nas refeições”.
Já, a dona de casa Fátima Zaide Tinasse, de 50 anos, reclama do preço dos legumes. “A diferença entre um mercado e outro é muito pouca, está tudo caro”.
Engenheiro diz que aumento é reflexo de tempo passado
Leidiane Sabino
leidiane@acidadevotuporanga.com.br
O engenheiro agrônomo Caiubi Comar, da Cati (Coordenadoria de Assistência Técnica e Integral) de Votuporanga, explicou que vários fatores influenciam nos preços dos produtos, incluindo a sazonalidade, valor dos insumos, clima e outras ocorrências.
“A carne bovina, por exemplo, o criador enfrentou um longo período de seca, que dificultou a engorda. Gado gordo é confinado e confinamento requer altos investimentos. Tudo isso influencia no preço do mercado. Quando falta o produto, o valor é alto, quando tem demais, diminui. Quando voltar a chuva, os preços tendem a se acomodar”, disse Caiubi.
A estiagem tem provocado a diminuição da qualidade do pasto, sendo necessária a utilização da ração animal para a alimentação dos bovinos, encarecendo o custo da produção e refletindo em uma pressão sobre os preços.
Outro fator de destaque está relacionado à elevação na quantidade de carnes exportadas, que afeta a disponibilidade do produto no mercado interno, fazendo com que haja uma menor oferta do produto no Brasil e refletindo em preços mais elevados para o consumidor. Em outubro, as maiores elevações foram verificadas no filet mignon (9,08%), coxão duro (3,31%) e acém (3,23%).
Ele disse ainda que a queda acentuada do preço do suíno no ano passado fez reduzir o rebanho, o que deixa o produto mais raro e caro com o tempo.
“É importante lembrar que não é o produtor que coloca o preço, mas sim quem compra o produto”, ressaltou.
Já em relação aos legumes, a alta está ligada a fatores sazonais, relacionados à estiagem prolongada, que dificulta a irrigação e prejudica o desenvolvimento de algumas culturas agrícolas, como é o caso dos legumes. Em outubro, as maiores elevações nos preços dos legumes foram verificadas no tomate (24,32%), berinjela (13,12%), chuchu (12,21%) e cenoura (10,95%).