Dificuldade para ter acesso aos locais é rotina na vida de quem depende da cadeira de rodas para se locomover pela cidade
Isabela Jardinetti
isabela@acidadevotuporanga.com.br
Andar por Votuporanga, seja no centro da cidade, no comércio ou pelos bairros parece ser tranquilo e rotineiro para as pessoas. Mas, para quem é cadeirante, essa tarefa é bem mais complicada. As calçadas do município são na maioria em desnível, cheias de buracos e obstáculos, a solução encontrada para quem depende de uma cadeira de rodas é se arriscar a andar pelas ruas, em meio aos carros e motos.
Auro Cleomar Rodrigues, de 53 anos, depende da cadeira desde os 45 para se locomover. Ele conta que já se acostumou a andar pelas ruas. Porém, as calçadas não são os únicos obstáculos que ele encontra pela cidade. “Tem muitos locais que não há a mínima chance de entrarmos por causa de degraus, além de rampas irregulares, que se subirmos, voltamos para trás”, disse.
A reportagem o acompanhou em dois locais onde ele diz ser os mais críticos. O primeiro é a Delegacia Seccional de Votuporanga. Já na entrada, há um degrau, e depois há dois lances de escada para atendimentos no piso superior. Funcionários da delegacia informaram que em casos de pessoas com deficiência, e até pessoas acamadas com macas que precisam ir até a unidade, são atendidas normalmente na parte de baixo. Também informaram que há um projeto de reforma do local, e nele já estão especificadas rampas de acesso para os cadeirantes.
Outro prédio público que apresenta problemas é o Cartório Eleitoral da cidade. Na parte da frente, somente escadas. No fundo há uma rampa, mas muito íngreme, o que fez com que a cadeira de Auro voltasse para trás sozinha, o impossibilitando de entrar no local. “Tem também o Poupatempo, em que a rampa que fizeram na rua Mato Grosso está totalmente errada para quem usa a cadeira”, disse Auro.
Comércio
Outro local em que os cadeirantes não conseguem ter acesso é em algumas lojas do centro da cidade. A maioria dos estabelecimentos não possui rampa, sendo só escadas para entrar. A cadeirante Eva Aparecida de Oliveira Barbosa, de 55 anos, é professora aposentada e sempre encontra dificuldades para comprar roupas, calçados e outros itens.
“Os comerciantes poderiam pensar um pouco na gente, a própria Associação Comercial poderia fazer alguma campanha para que as lojas façam entradas com acesso para os cadeirantes. A Prefeitura também poderia orientar, mas a maioria dos donos dos estabelecimentos alega que o prédio é alugado e não podem reformar”, disse.