Francisco Antônio Poli comentou ainda diversos temas ligados ao magistério e destacou o que precisa ser melhorado
Leidiane Sabino
leidiane@acidadevotuporanga.com.br
Francisco Antônio Poli, presidente da Udemo (Sindicato de Especialistas de Educação do Magistério Oficial do Estado de São), esteve em Votuporanga na semana passada para um encontro com educadores da cidade e região. Ele aproveitou a passagem pelo município para conceder entrevista ao programa Jornal da Cidade, da Rádio Cidade, onde destacou os trabalhos da instituição e a luta por mudanças na escolha de diretores de escolas.
No Estado de São Paulo, a escolha de diretor por meio de concurso já é realizada. Na maioria dos estados brasileiros, o que há é uma mera indicação política. “Na atual gestão da Secretaria da Educação, se voltou muito para a competência e capacidade. O que nós pleiteamos é que o concurso seja reestruturado para que estas pessoas que querem ser diretores de escola sejam capacitadas. O diretor é um educador administrador, tem a complexidade destas duas funções. Ele tem que cuidar do projeto pedagógico da escola, que, aliás, é o mais importante. Os professores prestam concurso e, imediatamente, já assumem o cargo, sem nenhuma experiência. Acontece uma decepção, porque a pessoa acredita que como diretor pode mudar a educação, o que não acontece, porque você tem muitas limitações”.
Atualmente, a Udemo oferece cursos aos diretores recém-aprovados em concurso, mas a intenção é que este preparo seja oferecido pelo governo.
Crise de autoridade
Poli credencia a falta de respeito aos educadores presenciada atualmente à crise de autoridade. “Na minha época como estudante, a autoridade do professor, do pai e funcionário da escola era respeitada. Uma vez tive um desentendimento com um inspetor, fui reclamar ao meu pai e ainda levei uma bronca. Posteriormente, tivemos um período de autoritarismo, na época da Ditadura Militar. Hoje, a regra geral é, tudo o que é autoridade é visto como autoritarismo. Estamos no momento de que é proibido proibir. É obvio que ainda vamos avançar e entender que autoridade existe e tem que ser respeitada. Os profissionais que trabalham na escola pública perderam um pouco do respeito e vão ter que ganhar de novo”.
Escola para quem
De acordo com o presidente da Udemo, a escola pública cresceu muito rápido. “Tínhamos uma escola, há 50 anos, que era de muito bom nível, mas era elitista, seletiva, poucas pessoas podiam estudar. Daí, tivemos a expansão do ensino, o lema era escola para todos, o que é correto. Porém, isto foi feito em detrimento da qualidade, o que não deveria ter acontecido”.
Poli destacou ainda que os professores impunham respeito porque, geralmente, eram pessoas muito capacitadas e preparadas. Conheciam sua matéria, sabiam como ensinar e eram bem remunerados. “Hoje, temos professores chegando à escola pública com pouca formação e com salários baixos. É muito difícil alunos respeitarem profissionais que não são bem preparados, que não conhecem o conteúdo e não sabe muito bem ministrar aula e também que é muito mal remunerado”.