Foi acordado que os 18 secretários municipais também ficam sem receber por tempo indeterminado para manter contas em dia
Leidiane Sabino
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Para conseguir manter as contas em dia e o pagamento dos servidores, a prefeita de Fernandópolis, Ana Bim tomou uma atitude drástica, suspendeu o próprio salário e o de seus secretários por tempo indeterminado, a decisão vale a partir deste mês.
Ana Bim tem salário de cerca de R$11 mil e cada secretário de R$6 mil. O vice-prefeito, José Carlos Zambon, não será atingido, porque, por ser servidor público estadual afastado para assumir o cargo no Executivo, ele optou por receber o salário de seu cargo público, por isso, desde que está na função de vice-prefeito, não recebe remuneração da Prefeitura.
Após reuniões com os secretários municipais, a Administração Municipal informou que a equipe entendeu a gravidade da situação. Hoje, Fernandópolis tem um déficit em torno de R$7,5 milhões.
“Todos os secretários foram solidários e entenderam a medida, eles acompanham diariamente os gastos públicos e sabem das dificuldades. Isso mostra que são pessoas comprometidas com a administração e com a cidade”, disse a prefeita.
A diminuição do valor de repasse do FPM (Fundo de Participação do Município), em 38%, e a baixa arrecadação de impostos neste segundo semestre, fizeram com que a Administração Municipal da cidade vizinha priorizasse alguns pagamentos, como, por exemplo, o salário de servidores, repasse à Santa Casa, empresa de coleta de lixo e aquisição de medicamentos.
Em Dívida Ativa, o município tem R$47 milhões para receber dos contribuintes e tem feito chamamento para que a população pague os impostos e ajudem na manutenção dos serviços públicos. “Estamos correndo atrás de recurso, organizando a nossa casa e também visitando os governos estadual e federal em busca de apoio”, destacou a prefeita.
Para Ana Bim, os cortes são necessários no atual momento vivido pelo país. “O país vive uma crise econômica que prejudica todos os municípios. A arrecadação tem sido baixa e os repasses também. Precisamos fechas as contas e não podemos deixar serviços essenciais sem ser executados. A nossa Santa Casa, por exemplo, precisa de nosso apoio”, falou Ana Bim.
A prefeita informou ainda que outras medidas já haviam sido tomadas, depois de um estudo realizado por uma equipe de controle de gastos. No dia 25 de setembro, a prefeita publicou decreto com diversos itens que visam economia e otimização dos gastos públicos como: redução do consumo de energia elétrica em 20%; controle e racionalização de cópias reprográficas, com redução de 20%; restrição de ligações telefônicas de fixos para celulares e interurbanos em geral; desligar os equipamentos quando não estão sendo utilizados e prestação de horas-extras somente para atividades imprescindíveis, devendo, o secretário da pasta, reduzir os gastos em 20%.
A Prefeitura encaminhou para a Câmara Municipal um projeto para o corte de quatro secretarias municipais. O pedido está em análise. De acordo com o projeto, a secretária de Gestão será incorporada à de Planejamento, a de Meio Ambiente à secretaria de Agricultura, a de Obras incorporada à de Infraestrutura e a de Esportes à secretaria de Cultura. Com a mudança, quatro cargos de secretários serão extintos e os profissionais remanejados para outros cargos administrativos de menor remuneração. Os nomes dos secretários que deixarão os cargos só serão definidos após aprovação do projeto na Câmara.
A dificuldade financeira da Prefeitura de Fernandópolis causou o atraso no pagamento do salário dos servidores em dois meses consecutivos, setembro e agosto. A intenção de Ana Bim é resolver a situação o mais rápido possível.
Fernandópolis também sofre com a lentidão de algumas obras que precisam de recursos do governo federal, mas deve inaugurar em breve duas unidades de saúde e a UPA (Unidade de Pronto Atendimento).