Educadores de Votuporanga estiveram presentes ontem na Câmara Municipal para uma reunião com os vereadores
Leidiane Sabino
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Descontente com a reorganização das escolas da rede estadual, um grupo de educadores esteve na tarde de ontem na Câmara Municipal de Votuporanga para uma conversa com os vereadores André Figueiredo, Osvaldo Carvalho, Jurandir Benedito da Silva (Jura), Walter José dos Santos e Osmair Ferrari.
O vereador Osvaldo Carvalho leu um comunicado da Secretaria Estadual de Educação, onde é destacado que a medida visa garantir melhor gestão às unidades educacionais e que todas as necessidades de cada município serão levadas em consideração. Osvaldo disse que vereadores e professores querem entender melhor essas mudanças. Ficou agendada uma manifestação para a manhã de sexta-feira, com saída às 9h, da porta da escola Manoel Lobo. No dia 29 de novembro haverá uma reunião com o estado, em São Paulo.
“Estamos fazendo hoje uma reunião muito importante e não é agora que vamos resolver os problemas. Vocês não fazem ideia da coação que estão sofrendo alunos da escola Esmeralda. As meninas foram proibidas de coletar assinaturas em sala de aula. Na Maria Nívea, Eny, também estão sendo coagidos e se estiver acontecendo o que eles disseram, temos que estar atentos a esta questão. Sem mobilização não vamos avançar. Temos ato em Votuporanga na sexta-feira e temos que reunir no mínimo 1.500 pessoas. Pelo o que disse o secretário, é o diretor regional que vai dizer o que mudar”, falou Jura.
O vereador André Figueiredo disse que é solidário à luta dos professores e alunos.
A diretora da escola Manoel Lobo, Isaura Deolinda Camargo D’ Antonio, disse que não tem medo de pressão e que vai lutar até o fim para que não haja as mudanças anunciadas. “Ninguém me coage, meu cargo é concursado e tenho todo direito de vir aqui me manifestar. Como sou a única diretora presente nesta reunião e posso explicar melhor a situação. Não estive no primeiro encontro que apresentou a reordenação das escolas, mas fui no segundo e a proposta já era diferente, na terceira, mudaram de novo, na quarta também”.
Isaura disse que a cada dia mudam as propostas. “Sei que vão me falar um monte. Estão fazendo conosco exatamente o que fizeram com os professores, quando dividiram por categorias, pagaram mais para um que para outro. Educadores de escolas que não serão mexidas não estão na briga. As escolas que estão aqui são as que vão sofrer mudanças. Ficamos sozinhos, perdemos a força, na sexta-feira vai ser difícil arrebanhar gente para ir à rua. A categoria está dividida. Os diretores não estão errados, porque não vai mexer com eles. Ou a gente mostra nossa força agora ou esquece, nunca mais”, frisou a diretora.
“Em momento algum os diretores foram informados da mudança. Neste momento, ouço a palavra democracia, mas não consigo vê-la, existe uma pressão que chega aos diretores e professores. É uma pena a gente ver professor e diretor proibir alunos de sair às ruas, é um absurdo a gente ver diretor ameaçar colocar polícia atrás dos alunos porque não tem coragem de sair às ruas. Pais e alunos devem ser ouvidos antes de qualquer mudança”, disse o professor José Vanderlei Corsini.
“Disseram que não vão fechar escolas. As que não tiverem alunos vão receber cursos técnicos, virar supermercados, mas não serão fechadas”, ironizou um professor.
“Eu não sei nada da reorganização, acho que estamos vivendo a lei do chicote, da mordaça, do sucateamento da democracia, sabemos que cabeças vão rolar. Infelizmente, o professor não é mais formador de opinião, é o fim do espaço crítico. Por favor, nos ajude”, implorou uma professora.
“Com essas mudanças, o Eny passa a ser integral também, muitos de nossos alunos serão obrigados a deixar cursos técnicos que fazem e trabalho para estudar o dia todo”, destacou outra professora.
“Se querem melhorar as escolas, que coloquem ar-condicionado nas salas de aula, evitem a superlotação. Dizem que há cadeiras vazias em sala de aula, só se forem as quebradas”, desabafou uma professora.