Moradora de Pereira Barreto (SP) envia peças à Etiópia há cinco meses; 'Já até sonhei com elas pedindo vestidos', diz mulher que incentiva amigas
A americana Lilian Weber inspirou uma costureira de Pereira Barreto (SP) a costurar vestidos para meninas carentes da Etiópia, na África. O desafio da americana foi costurar mil vestidos até completar 100 anos, o que aconteceu no dia 6 de maio de 2015. Lilian morreu na véspera de completar 101 anos, mas deixou a inspiração para a costureira Maria Salete Cardoso, de 76 anos.
Em Pereira Barreto, Salete, como é chamada, não deixa a agulha parar de trabalhar e segue o ritmo da máquina de costura com suas mãos talentosas. Ela costura, de tecido em tecido, vestidos e roupas para menores carentes. Ela conta que teve a iniciativa ao assistir TV. "O que faço agora começou em janeiro, quando vi a reportagem de uma senhorinha bem idosa, de 90 e poucos anos, que usou até uma fronha para costurar roupinhas para crianças da Etiópia. Isso me chocou muito e disse: 'poxa, até fronha ela usou e porque não eu não posso fazer a doação também'", lembra.
A costureira lembra que chegou a sonhar com as crianças carentes. "Tive até um sonho em que uma senhora chegava na porta da loja com uma menininha sorrindo para mim e se dirigiu para mim pedindo um vestidinho. Estou fazendo com muito prazer, me sinto muito bem aqui", diz.
Desde que teve o sonho, ela passa horas sentada em frente à máquina de costura no ateliê improvisado no fundo de casa. Ela faz, em média, cinco peças por dia. Ao conversar com uma amiga, sua vizinha, a boa ação da costureira se espalhou e se transformou em uma corrente do bem. Cerca de 20 amigas dela também são voluntárias e colaboram com a costura e a doação de tecidos, que fazem toda a diferença para deixar uma peça pronta.
A dona de casa Branca Cândido diz que não tem preço saber que contribui com as crianças. "Vim aqui na loja e ela me falou desse sonho dela. Dessa coisa bonita que ela está fazendo e eu comprei tecido para ajudá-la e virou uma rotina. Não posso ver tecido que quero trazer para ela fazer vestido. É muito gratificante", ressalta.
A aposentada Irene Canevari também colabora e afirma que sente gratidão. "A gente fica muito grata pela dona Salete, por ela ter tido a iniciativa de fazer um projeto bonito e tão grande como este. Então, a gente fica feliz em poder ajudar e ter alguma coisinha da gente para mandar para as crianças que precisam."
Há vestidos de vários tamanhos e com muitos detalhes. Para os meninos há shorts e camisetas. Uma das camisetas dos meninos foi costurada pela professora Yayoi Yassuda. "Toda vez que costuro fico pensando nas pessoas que vão usar. Será que elas vão gostar ? Ficar felizes ou contentes? Penso que sim e também fico feliz em poder ajudar quem precisa".
Já são mais de 500 peças prontas. A empresária Silvia Magali Cardoso Canevari, que é uma das filhas de Salete, foi a primeira a incentivar a mãe. "A gente abraçou a causa porque viu que ia fazer bem para ela. Essa iniciativa dela, essa vontade de querer fazer as roupinhas. Então, procuramos participar junto", afirma.
Por enquanto, a preocupação de Salete é fazer mil peças para enviar. "É muito gratificante, inclusive quando comecei estava meio adoentada. Nem percebi estava sem vontade, sem iniciativa. A partir da hora que comecei, estou indo em frente. Me preencheu muito. Estou muito feliz", afirma.
As peças serão doadas para a associação filantrópica "Little Dresses for africa", que ao ser traduzido para o português significa 'Pequenos Vestidos para a África', uma instituição que distribui roupas para meninas pobres na Etiópia. A Ong tem uma página nas redes sociais e o e-mail - littledressesbrasil@gmail.com.