A retórica é um recurso utilizado há muito tempo pelo homem. Através dela a manipulação em massa é possível, pois o homem gosta de ouvir a mentira, pois a verdade dói. Sei que muitos que se acham os donos da verdade podem discordar de minha opinião. Porém, em meus quarenta anos de vida, passei a maior parte dele observando, enquanto a maioria falava.
Quando Jesus veio a esse mundo, o seu objetivo era salvar o que se havia perdido (Lc 19:10). Morreu por nós, por consequência da intolerância humana, todavia propiciou a salvação de todos, pela sua imensa graça.
Entretanto, o homem no decorrer dos tempos, foi deturbando o evangelho deixado por Ele. As adaptações foram acontecendo à medida que se julgava necessário. A igreja passou a ser utilizada pelos governantes. Jesus foi deixando de ser o Salvador, e passou a ser uma imagem sem vida na parede.
Muitos morreram inocentemente pelo amor de Cristo, e muitos outros morreram também pelos seus interesses pessoais, defendendo um evangelho pagão que poderiam lhes render algo.
Com isso a igreja foi se subdividindo e criando novas facções. A católica se auto predomina primitiva, mas de primitiva não tem nada. À medida que o evangelho ia se destorcendo, muitos se rebelaram e protestaram, criando outras igrejas. O resultado foi desastroso, pois, a cada ano Jesus ficava mais longe da igreja. Os chamados protestantes se renderam a luxúria do mundo capitalista, e a sensação de poder, dando a Deus as migalhas, e a César os sobejos.
Os grandes líderes gostam de usar em seus discursos enfadonhos, versículos isolados como ““... Deus é amor” (I João 4: 8)” e ocultam as que não agradam como: “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, que é e que há de vir.” (Apocalipse 4: 8) e tentam tornar Deus em um velho bondoso e fraco, mais ou menos como o papai Noel. Jamais como o Rei dos reis, Senhor dos senhores e o justo Juiz.
Assistimos, nesta semana, a um espetáculo deprimente da religião nas mídias: a reportagem de Marcelo Rezende, veiculada no programa Domingo Espetacular, da Rede Record, que denunciou supostas práticas de uso ilícito das arrecadações financeiras da Igreja Mundial do Poder de Deus, especialmente da parte do seu líder Valdemiro Santiago.
A religião, com o adendo da tecnologia, passou a ser midiática, ou seja, um mercado cultural. A fé circula em torno de produtos, que são oferecidos. Esses produtos financiam os poderosos, que atuam em grandes redes de comunicação. A Rede Record é um canal de entretenimento, que não visa à divulgação do evangelho, e sim uma luta acirrada com a Globo. Já a emissora carioca atira para todos os lados. À medida que os evangélicos vão crescendo, ela oferece espaço para os mesmos.
A briga pelo poder é evidente. Ninguém está interessado em pregar o verdadeiro evangelho. Falar do amor de Deus é para os fracos, para os bobos. Enquanto saudosos clérigos levaram a palavra do Senhor Jesus a duras penas pelo sertão, em meados do século passado, hoje vemos espetáculos de larápios, que não temem a Deus, mas que darão conta de seus atos.
Assim podem continuar pregando seu evangelho falso, com mais valor para as bênçãos de Deus do que para o Deus da bênção. Extorquindo as pessoas e tentando fazer com que todos acreditem que Deus é um garçom.
Diante de tanta balburdia, posso dizer que Jesus não está em muitas igrejas ditas cristãs. Ele encontra-se nos corações daqueles que realmente vivem o seu evangelho, pois Ele vai limpar a casa literalmente.
“Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado” (I Coríntios 3: 17).
*Antônio Lima Braga Júnior
toninho.braga@hotmail.com
Votuporanga - SP