A inclusão digital está sendo feita em parcelas, nos carnês mensais pagos pelas classes C e D para abrir as portas do mundo virtual. Reportagem de ontem do Brasil Econômico mostra essa realidade.
57,5% das aquisições de computadores pessoais neste ano foram feitas por consumidores com renda entre três e dez salários mínimos.
Esta classe C é seguida pela classe D, responsável por 30% do consumo de PCs. Ou seja, quase 90% do consumo de computadores de uso individual está concentrado nessas duas classes, cujo objetivo é agregar novos valores ao seu cotidiano.
As vendas desses equipamentos impulsionam também a busca pelo serviço de acesso rápido à internet.
O computador é bem acrescido de acesso a novas informações, conhecimento amplo, cultura diversificada, possibilidades de qualificação profissional e educacional.
É meio rico para criar alternativas para essas duas classes: não é só diversão passiva. É meio interativo com poder de incentivar milhões de brasileiros a evoluir, seja como cidadãos com novos canais de comunicação com a arena política, seja na área profissional, pela rapidez da circulação de novas tecnologias. É veículo com impacto direto na condição de vida das famílias menos favorecidas.
As vendas devem superar 13 milhões de unidades em 2010, com destaque para os modelos portáteis de computadores.
O que demonstra o acerto de políticas públicas voltadas para a desoneração e o financiamento desse tipo de consumo, associado à iniciativa de incentivar o ensino à distância e à discussão das novas bandas largas de trânsito de informação pela rede mundial de computadores.
O Brasil é fenômeno já em casos típicos de informatização das relações. Observem-se as redes sociais, onde o país alcança liderança mundial na criação de casos curiosos, como "calaabocagalvao", no Twitter.
Quase 70 milhões de brasileiros acessam a internet. A grande maioria desses milhões realiza esse acesso através das lan houses, no maior processo de "aluguel digital" do mundo.
Há nova tecnologia exigindo novas discussões, inclusive com relação aos meios a serem usados para oferecer acesso à internet, debate que se estabelece dentro do Plano Nacional de Banda Larga.
Discute-se ainda a possibilidade de uso do sistema elétrico para criar novos modelos de transmissão de informações e acesso à web.
É importante esse debate, porque o Brasil saiu atrasado neste processo. E esse atraso exige esforço redobrado do governo.
O tema não se esgota no oferecimento de acesso à internet, mas na sua possibilidade estratégica. As inovações do conhecimento vão passar pela esfera virtual nos próximos anos.
Quanto mais o povo estiver integrado a essa nova realidade, maior será o potencial de evolução do país e melhor o seu nível educacional. Os resultados serão proporcionais ao investimento.
Daí a importância do debate sobre o Plano Nacional de Banda Larga, que está na Câmara dos Deputados.
A democratização de acesso e as novas possibilidades para o futuro com o uso da tecnologia podem gerar grandes e bons frutos para o Brasil.
O povo já apresentou a demanda. Ao governo, Congresso e Executivo, cabe atender a essa necessidade que não é luxo, mas item de primeira necessidade.
Michel Temer (PMDB) é presidente da Câmara dos Deputados