Existem muitas formas em que as empresas, seus sócios e administradores podem ser condenados por leis comerciais, civis e penais pelo fato de não manter em ordem sua Contabilidade. Seja pelo motivo de não levar a sério a documentação relativa a movimentação da empresa, fazer negócios fora do objeto social, misturar ou confundir bens particulares do sócio e da empresa, cometer desvios, ou até mesmo, efetuar contratação de um profissional despreparado.
A Contabilidade é a alma da empresa, nela ficam registrados todos os atos e fatos diariamente. Se os atos do administrador são corretos: documentação adequada, transações dentro do objeto da empresa, o reflexo é imediato: a Contabilidade é transparente. Caso contrário pode ser utilizada para incriminar a empresa, sócios, administradores e o próprio contabilista que foram relapsos e desleixados.
No Brasil, principalmente nas médias e pequenas empresas, ainda existe uma resistência e muitas vezes até falta de conhecimento dos gestores e administradores sobre a importância de manter a escrituração contábil e suas demonstrações. Essa atitude de indiferença à escrituração contábil poderá custar caro numa possível fiscalização, processo de insolvência, falência ou concordata. A escrituração bem elaborada, de acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade e a legislação vigente pesará a favor da empresa e do contabilista em eventual necessidade de prova, entretanto, a falta da escrituração e suas demonstrações poderá condenar antecipadamente a empresa por não cumprir esses preceitos.
É extremamente saudável aos empresários e contadores conhecerem a definição de crimes, fraudes, dolos, erros, simulações, arbitramentos fiscais, distribuição de lucros, responsabilidade; meios e privilégios de manter a escrita contábil em ordem como prova a favor da empresa nos mais variados embates em que estão sujeitos.
Se não bastasse as exigências fiscais, tributarias, código civil e da própria legislação contábil no sentido da elaboração da escrituração contábil, os empresários, gestores, administradores, diretores e gerentes precisam entender que no mundo atual não dá mais para administrar as empresas de forma amadora, sem controle e qualidade nas informações. E, para isso a contabilidade é um extraordinário banco de dados e poderosa ferramenta de trabalho na gestão do patrimônio.
De longa data, muitos contadores, administradores e responsáveis pela gestão de empresas se convenceram que a amplitude das informações contábeis vai além do simples cálculo de impostos e atendimento de legislações comerciais, previdenciárias e legais, porém existem ainda aqueles que assim não pensam.
O custo de manter uma contabilidade completa (livros diário, razão, inventário, etc.) não é justificável para atender somente o fisco. Informações relevantes podem estar sendo desperdiçadas, quando a contabilidade é encarada como mera burocracia para atendimento governamental.
Considerando a grande concorrência de marcas, produtos e serviços, os lucros das instituições apertados, clientes cada vez mais exigentes, a pesada carga tributaria entre outros fatores os gestores não podem dispensar esta extraordinária ferramenta que é a contabilidade e as informações que ela produz. É uma grande arma na luta para a sobrevivência das empresas e quem disparar primeiro sai na frente.
José Carlos Quatrini é Contador com Pós Graduação em Gerencia Contábil e Auditoria, Professor Universitário e Empresário da Contabilidade