Na minha infância e juventude em Santa Fé do Sul, na barranca do rio Paraná, a ferrovia era a porta de entrada para as novidades vindas de fora, artigos que meu pai Emidio encomendava para vender na Casa Araújo.
Era também o caminho que me levava, com minha mãe Dona Bela e os irmãos Nelson, Nelsi e Dininha a passeios que jamais esqueceríamos.
O balanço do trem transportava nossa família a Rio Preto, a maior cidade da região, a Taquaritinga, e para a distante São Paulo. Quase um dia para se chegar lá, mas ninguém se cansava. As lembranças daquelas viagens são as melhores possíveis.
Cresci, entrei para a vida pública e tornei-me um defensor do transporte ferroviário de passageiros e de carga. Mas, infelizmente, vimos a ferrovia perder espaço rapidamente para o transporte rodoviário, mais caro e poluente.
Em 1960, acompanhei meu pai a um comício de Jânio Quadros na barranca do rio. Ele prometia construir a sonhada ponte entre Rubinéia e Aparecida do Taboado. Jânio nunca mais voltou à região, mas senti que valia a pena abraçar a causa, já defendida por Euclides da Cunha no começo do Século passado.
Lutamos por 28 longos anos pela construção da ponte. Com o saudoso Roberto Rollemberg mobilizamos ministros, governadores e presidentes da República. Quando todos achavam que era um sonho impossível, a obra saiu do papel.
A ponte ficou pronta em 1998 e foi entregue dia 29 de maio, em uma grande festa regional, com a presença do então presidente Fernando Henrique Cardoso. A obra leva os nomes de dois batalhadores da sua construção: a parte ferroviária recebeu o nome de senador Vicente Vuolo e a rodoviária de Roberto Rollemberg. Homenagens merecidas.
Essa ligação rodoferroviária abriu as portas para o progresso da região Noroeste de São Paulo e para o escoamento da produção agrícola do Centro-Oeste.
Hoje, passam pela nossa região 10% de toda a soja que o Brasil exporta. E o projeto de um ramal regional da ferrovia Norte-Sul deve impulsionar novamente esse meio de transporte.
A proposta de trabalho que pretendo defender como deputado federal prevê a luta pelo fortalecimento da ferrovia, por ser um meio de transporte de melhor custo benefício.
Considero viável retomar inclusive o transporte de passageiros. Não precisa ser um trem bala, mas uma composição confortável, segura e rápida, ligando a região à Grande São Paulo.
Pretendo exigir da empresa concessionária que explora a ferrovia na região Noroeste a realização de obras de restauração da malha ferroviária.
Vou cobrar também a construção de obras (viadutos ou rebaixamento dos trilhos) nos cruzamentos rodoviários urbanos, pois este tipo de obra é mais viável financeiramente, não envolve as altas somas necessárias à remoção de trilhos para fora da área urbana, e resolve pontualmente a questão da fluidez e segurança no tráfego.
A ferrovia que povoou os sonhos da minha infância pode e deve voltar a ter um papel central no desenvolvimento do Estado e do país. É questão de prioridade. Vamos lutar por ela.
Edinho Araújo, ex-prefeito de Santa Fé do Sul e de São José do Rio Preto