No dia 7 de setembro, comemora-se a Independência do Brasil do reino de Portugal, no início do século XIX. Quando ocorreu o episódio do chamado “Grito do Ipiranga”, às margens do riacho Ipiranga, o Príncipe Regente D. Pedro bradou perante a sua comitiva: Independência ou Morte! Para maioria dos brasileiros é um feriado para acompanhar o desfile cívico, muitos aproveitam o feriado para encontrar a família, viajar, reunir os amigos, namorar... Neste momento, aproveito a data para propor uma reflexão: qual o Brasil que queremos para as futuras gerações?
Digo isso, diante de recentes matérias estampadas pelos jornais, como a que revela que estrangeiros estariam usando “laranjas” para comprar imóveis rurais no país. Não existe um levantamento oficial, mas o Governo Federal está convencido de que a elevação de 95% no registro de imóveis rurais em nome de pessoas jurídicas, entre 1998 e 2008, foi o atalho encontrado por não brasileiros para adquirir terras no Brasil.
Outra notícia revela a “farra dos importados”, na qual a disparada das compras externas que todo o tipo de quinquilharia e fez com que a balança comercial tivesse o pior saldo em oito anos. O forte aquecimento do mercado interno, ajudado pelo real valorizado frente ao dólar, fez com que os gastos no exterior, especialmente de bens de consumo, explodirem. Neste primeiro semestre de 2010, a queda foi de 43,7% se comparada aos seis primeiros meses do ano passado.
Estes são apenas alguns exemplos de milhares que convivemos todos os dias, de total desrespeito ao interesse público, medidas na contramão da nossa soberania, equívocos que beneficiam produtos estrangeiros em detrimento da produção nacional, ceifando empregos e a renda dos brasileiros.
Estamos em pleno momento eleitoral, quando o embate está acirrado, em que cada um dos candidatos apresenta suas propostas para melhorar o Brasil. Todavia, o cidadão precisa saber distinguir entre um simples projeto de perpetuação no poder, daquilo que realmente precisamos – um Projeto Nacional de Desenvolvimento.
O que vemos hoje é um processo constante de desconstrução, no qual quem é eleito e seu grupo de apoio se esmera em renegar as conquistas da administração passada, interromper suas realizações, rebatizar projetos já existentes. Subvertem o interesse público pelo meramente eleitoral, cunhando o jargão “nunca na história deste país”.
Para quem, como eu, participou ativamente do processo de redemocratização do País, esteve engajado nas primeiras eleições livres para governador, eleito deputado, ajudou na promulgação da Constituição Estadual, essa prática contumaz vai na contramão dos princípios democráticos pelos quais sempre lutei.
Políticas públicas nas mais diferentes áreas, como educação, saúde, transportes, segurança, infraestrutura, preservação e conservação ambientais, precisam de tempo para elaboração, maturação e implantação para atingirem seus objetivos. Isso requer um compromisso público, suprapartidário, capaz de levar adiante o que está dando certo, corrigir os rumos quando necessário, sempre sob uma ótica de pensar o futuro.
Afinal, estamos falando de um gigante com mais de 180 milhões de habitantes, que ainda padece de mazelas da época colonial, com um potencial formidável para se tornar a próxima grande potência mundial. Temos clima favorável, terras a serem cultivadas, mão-de-obra qualificada, inteligência nacional para enfrentar os desafios da nova “Economia Verde”. Tenho certeza de que juntos podemos construir um País melhor para todos nós brasileiros e seremos verdadeiramente uma nação soberana.
Deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP)
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