Número crescente de empresários, sacrificando sua vida pessoal e a gestão de seus negócios, tem-se dedicado à vida pública e à política no Brasil. Exemplos marcantes desse saudável processo de democracia participativa são o vice-presidente da República, José Alencar, o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Armando Monteiro, que cumpre sua segunda legislatura consecutiva na Câmara dos Deputados, Luiz Fernando Furlan, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, e Roberto Rodrigues, Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, estes dois no primeiro mandato do presidente Lula.
O trabalho de empresários com essa envergadura confere mais eficiência, produtividade e qualidade aos organismos da administração direta e indireta do Executivo e aos órgãos do Legislativo. Seu conhecimento, dinâmica, capacidade de gestão e foco em resultados somam-se à experiência e capacidade dos servidores públicos, constituindo um novo modelo para o atendimento às demandas do Estado. A população é a principal beneficiária desse processo, pois se aprimoram os serviços, agilizam-se os procedimentos e se melhora a relação custo-benefício dos elevados impostos pagos pelos brasileiros.
É muito clara a influência dos empresários em políticas públicas da União, como se observou, por exemplo, na arrancada do comércio exterior no primeiro mandato de Lula, e nas eficazes medidas anticíclicas adotadas pelo governo para combater os efeitos da crise mundial de 2008 e 2009. Em tudo isso, paralelamente à experiência dos gestores públicos, encontra-se também a inspiração dos empresários, ouvidos com a devida atenção pelo presidente, que não os convidou ao governo por mera cortesia política.
Esse modelo na gestão do setor público é importante para o Brasil, que ainda precisa avançar muito no aprimoramento de áreas prioritárias, como saúde, educação, infraestrutura e segurança, essenciais ao desenvolvimento nacional. São setores nos quais se observam avanços, mas que ainda precisam ascender a um patamar mais elevado de qualidade, eficiência e atendimento mais amplo às demandas. O debate de tais temas deverá pontuar toda a campanha eleitoral em curso no País.
Nesse sentido, além de aceitar convites para cargos de secretário nos governos municipais e estaduais, ministros na administração federal e dirigentes de empresas de economia mista, os empresários também podem — e devem! — ampliar sua participação política, apresentando-se ao eleitorado como alternativa a cargos eletivos. Os que se dispõem a essa participação política, submetendo-se ao voto dos brasileiros, devem merecer todo o respeito e admiração, independentemente dos cargos eletivos que postulam ou das legendas pelas quais se candidatam.
É o caso do presidente licenciado da Fiesp, Paulo Skaf, candidato do PSB ao Governo do Estado de São Paulo, e do empresário Guilherme Leal, postulante à Vice-Presidência da República pelo Partido Verde. Ouvem-se contestações e manifestações de ceticismo à sua participação política, sob o argumento de que sua performance nas pesquisas deveriam desencorajá-los à disputa das eleições. Esta é uma visão absolutamente equivocada do processo eleitoral, da essência da política e da importância da participação de representantes de todos os segmentos da sociedade.
A simples participação de empresários nos debates da campanha eleitoral e na apresentação de propostas para a economia, a gestão pública e o atendimento às prioridades nacionais já significa imensa contribuição para o avanço do País. Suas ideias, sugestões, plataformas programáticas e programas de governo são conteúdos preciosos ao aprimoramento do Estado e à busca de soluções para os gargalos brasileiros.
Independentemente de ganharem ou perderem, passarem ou não ao segundo turno das eleições para os cargos do Executivo ou conquistarem uma cadeira no Legislativo, os empresários candidatos prestam relevante contribuição. Ao se submeterem às urnas e à campanha eleitoral, conferem plena atualidade à célebre frase “O importante é competir”, do Barão de Coubertin, o francês criador das Olimpíadas da Era Moderna. E competir é ainda mais relevante quando se torna sinônimo da oferta de propostas concretas à Nação. Nesse processo não há perdedores. Todos ganham, em especial a sociedade e a democracia!
Juan Quirós é presidente do Grupo Advento e vice da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e da ABDIB (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base)