Hoje, 1º de outubro de 2010 e está quase chegando o final do espetáculo do circo. Com certeza quando meu ilustre leitor estiver lendo estas modestas palavras tudo já estará praticamente definido. Os vencedores estarão desfrutando do justo descanso que a agonia da dúvida vinha lhes trazendo. Os perdedores inconformados porque poucos sufrágios faltaram para atingirem os míseros desejados. Acabou o sacrifício, agora começa a festa. Vamos ao espetáculo circense. A partir de agora entram em cena os melhores palhaços do circo: o povo. Aqueles que pagam toda a conta dos vencedores. As mentiras deslavadas e ouvidas durante as campanhas vão se perdendo no tempo, ficando amareladas pela falta de cumprimento. Os ganhadores saem às ruas batendo no peito “esqueçam tudo que falei na campanha, eu estava exausto e nem sabia o que poderia ou não cumprir. Eu não disse mentiras, disse apenas inverdades”. A situação agora é outra. Preciso entender como será a minha nova função, coisa que eu nunca tive ideia. Preciso entender melhor para qual lado aciono a chave. Preciso entender como se abrem cofres. Preciso me habilitar nos seus segredos, porque agora chegou a minha vez. Lutei tanto para isso. Enganei tanta gente e não é justo que eu continue me desgastando. Agora é hora de arrecadar e não de gastar. A maioria dos políticos de nossa região é gente boa. Alguns têm processos de fraudes e sonegação, mas isso é coisa que o tempo apaga. Outros herdaram pomares de ‘laranjas’ e acertaram suas situações até suas quintas gerações. Todos sabem que a laranja por ser uma fruta tropical aceita imposições do ‘clima’ e este faz dela o que bem quer, principalmente porque sabe ‘adubá-la’. O eleitor tem memória de barata. Esquece facilmente seus tropeços e esbarra novamente nas mesmas pedras do caminho. Parece que tem deficiência visual, mas parece mais deficiência cerebral. Parafraseando Euclides da Cunha em “Os sertões” quando diz “o nordestino é um forte” me faz lembrar uma frase expressiva que diz ‘eleitor é um grande - desinformado’. Claro que não são todos, mas passa de 70% deles. Bem, o espetáculo começa. Os malabaristas se apresentam espetacularmente. Enganam a todos como suas mirabolantes acrobacias. Parece até que deixam o público hipnotizado e abobalhado. Acreditam no que veem e o que na verdade acontece é ilusão de ótica. Depois dos malabaristas vem o globo da morte. Esse número é impressionante. Colocam-se todos da platéia dentro do globo e com suas motos envenenadas voam por todos os lados deixando os enclausurados completamente emudecidos. E o que é pior, retira todos os seus pertences dos bolsos sem que eles se apercebam. Todos saem do globo alguns instantes depois totalmente atordoados até parecendo que o tempo que lá estiveram durou nada menos que quatro anos. É impressionante esse circo, eu diria mais que isso, uma fábula. Depois disso vem o número dos animais. Nossa, como são amestrados esses sofridos seres. Fazem de tudo. Mas tem uma coisa, cada acrobacia que fazem o adestrador lhes dá um ‘alimento’ que mais parece um alucinador. Ele chama isso de bolsa-alimento. Semelhança é apenas coincidência. Agora, o número mais espetacular circense é o mágico. Um homem com barbas longas. Parece que lhe falta algum metacarpo, mas pode ser ilusão de ótica também. Pouco se pode notar dado à habilidade que tem de iludir os espectadores. É um verdadeiro especialista na arte ilusória. Ele coloca numa cartola um monte de dinheiro que ele mesmo apelida de tributos. Depois num passe de mágica ele retira da cartola um monte de bolsas e distribui gratuitamente aos espectadores do circo. É uma bolsa ilusória, claro, mas a maioria dos espectadores se sente envaidecida com isso e acaba por aplaudi-lo e escolher o seu número como o mais importante do espetáculo. Uns 25% do público não aplaude porque entenderam que o número não passa de uma grande trapaça.
Professor M.Sc. Manuel Ruiz Filho - manuel-ruiz@uol.com.br
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