Filhos são pedaços de nossas almas. Dificilmente entenderemos que quando os colocamos no mundo estarão a serviço da Humanidade. Filhos são açúcares que adoçam nossas vidas. Infelizmente não nos pertencem. Se você pensa que os filhos ou filhas que tem são realmente seus, está redondamente enganado. Você os cria para servirem ao mundo do futuro. Fomos instrumentos de suas chegadas, somos alicerces de suas vidas, mas ainda que vivam conosco por muito tempo não nos pertencem. Por mais amor que lhes dedicamos, por mais segurança que proporcionamos, por mais ensinamentos que oferecemos não lhes moldamos os pensamentos, pois eles têm pensamentos que lhes são próprios. A infância é o período mais importante da vida das pessoas. Nessa fase são absorvidos valores dos mais preciosos e despertados talentos importantíssimos. E isso nós precisamos proporcionar aos filhos. Muitos comportamentos adultos têm suas primeiras manifestações na saudosa, fascinante e inocente fase da infância. Os filhos adoram brincar com seus pais, independente do tipo de brinquedo. São receptíveis a qualquer um, desde que seus pais se entreguem em profunda atenção a eles. A criança, mais que os adultos, necessita de cuidados especialíssimos dedicados pelos pais porque seus comportamentos futuros dependem dessa harmonia entre pai e filho. Desde sua infância abrigamos seus corpos, protegemos seus caracteres, induzimos uma educação sadia e promissora, mas não atingimos suas almas que residem no condomínio do futuro, que levam em seus alforjes sonhos que não conhecemos e nunca nos será permitido adentrar. Podemos orientá-los e tentar entender seus caminhos, mas não podemos nem mesmo sugerir que o façam da mesma maneira que trilhamos o nosso. Os tempos são outros. A vida não se resume no passado ou no ontem, apenas os tempos vividos servem para excluirmos os erros e não mais cometê-los. Somos foguetes propulsores, carregamos nossos filhos até que eles possam se movimentar sozinhos. Quando sentimos que podem caminhar com suas próprias forças acionamos o gatilho da separação e os lançamos no espaço sideral de suas vidas, assim como o arqueiro lança a flecha em busca do objetivo. Enquanto estiveram conosco aprenderam coisas para o resto de suas vidas. Essa será a glória da nossa contribuição. Deixemos que nossos filhos voem quando a hora lhes for favorável e jamais reclamemos pedindo para que voltem. Eles nos quererão sempre, mas precisam formar novas famílias, nos presentear com seus filhos, nossos netos, essas jóias raras e indecifráveis que nos rejuvenesce todos os dias tornando nossas vidas dignas de serem vividas até o último instante.
Há poucos dias li uma mensagem interessante. Um pai, comprometido com seu trabalho para o sustento da família era obrigado a sair muito cedo de casa e seu retorno era além do desejável. Quando saía para o trabalho seu filho ainda estava dormindo e quando regressava o menino havia de novo adormecido. Um belo dia disse ao filho: Meu querido, todas as manhãs vou a seu quarto para beijá-lo antes de ir ao trabalho. Infelizmente seu sono é mais profundo que a minha vontade de receber de ti um beijo. E você não se apercebe que estive aqui. De hoje em diante vou te deixar uma pista para que saibas que seu pai veio te ver. Todos os dias o menino acordava e percebia um nó no lençol, sinal da presença do seu pai todos os dias. Ficava feliz do amor recebido por um simples ato de vontade do pai. Assim precisamos agir, mostrar aos filhos a importância que eles têm para conosco. Amemo-los com toda força que temos, mas os deixemos livres para suas viagens sem volta.
Professor MSc. Manuel Ruiz Filho - manuel-ruiz@uol.com.br
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