Fiquem tranquilos os umbandistas. Não vou chutar nenhum despacho, nenhuma macumba, muito menos fazer apologia contra ou a favor da coisa. Cada um que faça o que sua consciência e credo mandarem, afinal, o país tem uma Constituição que diz ser livre todo credo e convicção religiosa. Assim é. Mas que é muito estranho a gente se deparar com uma macumba logo cedo, praticamente na nossa porta, isso lá é. E vem logo na cabeça da gente a frase desse artigo. “Xôô te arrenego” é outra coisa que a gente fala, ou pensa, ou fala sem pensar.
Mas o que mais me incomoda é ver um animal morto, no caso uma galinha branca, degolada, ali, exposta nesse sol inclemente, começando a cheirar mal e atraindo moscas varejeiras, formigas, urubus e outras espécies que se deliciam com o prato. Tem farofa lá também, e pipoca também tem.
Pesquisei na web, há muitos “sites” falando de macumba, despacho com galinhas pretas e brancas e outras crendices do gênero. Estarrecida, fiquei sabendo que se pode até fazer macumba “on line”. É mole, ou quer mais? Pois tem mais. Como a crueldade contra os animais, e, convenhamos, degolar uma galinha é um ato de crueldade (se bem que não sei como se pode comer o prato galinha à cabidela sem degolar o bicho, vai ver que para comer, pode) é proibida por lei, inventaram que se pode fazer o desenho do animal e colocar lá no despacho, o resultado é o mesmo... Menos para a galinha sacrificada, evidente...
Fiquei matutando... Para quem, ou contra quem, e para quê servirá o tal despacho? Será de amor, para ter um amor de volta, para segurar um amor, para conquistar um amor, para manter o amor? Para mim, ou contra mim não pode ser, não me enquadro em nenhuma das suposições acima, eu assim acredito e espero.
Será para o mal ou para o bem? Para o mal da galinha o foi, com certeza. E não deve prenunciar nada de bom para alguém um despacho assim, aparecer logo numa sexta-feira, se bem que nem estava numa encruzilhada. Segundo um outro “site” na internet, nas encruzilhadas, espíritos perdidos, almas penadas se encontram e vampirizam (afêêe) quem por lá se postar. Xô, de novo, digo eu. Por isso a galinha lá, coitadinha, sangrando no pescoço, melando toda a farofa, pipoca e o que mais estiver na cumbuca, que eu não sou besta de chegar muito perto, muito menos de mexer na coisa...
Vai ver que a macumba tem algo a ver com a duplicação da rodovia?! Será? Não, não seria o caso de se precisar chegar a tal nível de desespero. A duplicação será feita sim. Pois o dinheiro está reservado para isso, não é verdade? Mas, depende de desapropriação das áreas adjacentes (xiiii, o negócio vai longe, pelo visto), depende da aprovação dos órgãos responsáveis pelo desmatamento e corte de árvores (xiiiiii, seguramente isso vai muito longeeeee), depende do Governador rever todos os contratos da administração anterior (xiiiiii, bom, já se sabe como as coisas acontecem ou não acontecem nos novos governos).
Bem, bem. Se chegarmos ao ponto de precisarmos recorrer a uma macumba para desatar esse nó, que não se use animal nenhum, para começo de conversa; e, sugiro que aproveitemos o mesmo despacho para desatar o nó dos transportes São Paulo-Votuporanga, Votuporanga-São Paulo. Estamos seguramente muito mal servidos! Cadê a companhia aérea que se anunciou tão gostosamente que se instalaria por aqui? Temos aeroporto para quê, afinal? E por que só temos uma empresa de ônibus nos ligando à Capital? Está na hora de acabar com esse monopólio, também. Convidem a Cometa e o Rápido São Paulo para cá. Toda concorrência é benéfica, é o que dizem os especialistas.
No mais, elegemos representantes (em nível municipal, estadual e federal) para quê mesmo? Para nos representarem, é óbvio. Então, eles que se mexam e vão lá falar com o Governador, com o Ministro dos Transportes e com quem mais tiver competência para dar pronta solução para o caso. É péssima (e criminosa) essa ideia de sairmos pela estrada afora, feito chapeuzinho vermelho dando uma de lobo mau. Quanto à velocidade, do jeito que essa estrada “mata”, nem a 20 km por hora resolveria a questão. Com a quantidade de caminhões que circulam na Rodovia Euclides da Cunha, e o mesmo tanto de buracos e cruzamentos, é mesmo difícil ir além de 80 km/h, se bem que já vi gente voando por lá, praticamente passando por cima de quem não quer se expor ou expor a vida de outrem, causando um acidente numa ultrapassagem perigosa e invadindo a pista contrária. A “chiadeira” é só por causa dos radares e das multas em consequência do excesso de velocidade, em sua grande maioria, de gente que gosta sempre de “pisar fundo”. É a minha opinião, data máxima venia.
Norma Moura é advogada, empresária e estudante de Pedagogia - Votuporanga
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