Não há dúvidas de que o Estado de São Paulo avançou bastante na área da saúde pública nos últimos 16 anos. Aqui estão os hospitais mais importantes do país, como o Hospital das Clínicas da FMUSP, o Incor, o Instituto Emílio Ribas, o Instituto do Câncer e o Dante Pazzanese, todos considerados referências nacional e internacional em suas áreas de atuação.
Mas o SUS (Sistema Único de Saúde) tem ainda desafios que são do tamanho de sua grandeza, e muito ainda resta por fazer para haja, na prática, a tão desejada universalidade, integralidade e equidade no atendimento a todos os cidadãos.
Um aspecto que julgamos fundamental é garantir, ao sistema, mecanismos adequados de referência e contrarreferência. Isto significa que as pessoas precisam ter o devido acesso à atenção primária, seja por intermédio das Unidades Básicas de Saúde ou pelo Estratégia Saúde da Família, além da necessidade de maior integração desses serviços aos ambulatórios de especialidades e hospitais secundários, terciários e quaternários que compõem a rede SUS.
A hierarquização, no SUS, é primordial para seu bom funcionamento, com fluxos bem definidos entre os serviços, para que haja racionalidade no atendimento aos pacientes, evitando que casos simples sejam atendidos em hospitais especializados.
Há pouco mais de cinco anos o Hospital das Clínicas reformulou seu sistema de agendamento de consultas, priorizando os casos realmente complexos, que é a sua real vocação, e assegurando atendimento a quem realmente precisa. Alguns anos depois houve nova normatização para o atendimento de urgência e emergência no HC, tendo como parâmetros sua localização geográfica e a gravidade dos casos.
Além disso, a humanização da assistência deve estar, obrigatoriamente, na ordem do dia. Programas de acolhimento, orientação e apoio devem ser incentivados e aperfeiçoados, não somente aos pacientes e acompanhantes, mas também aos funcionários dos serviços de saúde. Pretendemos utilizar a bem sucedida experiência do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), que em menos de três anos implementou 50 projetos exitosos de humanização, priorizando o atendimento na direção do cuidado, do diálogo e do respeito.
Na área de promoção da saúde queremos dar um passo muito importante para prevenir o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, que causa dependência, violência doméstica, desagregação familiar e inúmeros problemas de saúde. Nesse sentido, educação é a arma mais forte para conscientizar os jovens sobre os males do álcool, e fiscalização é a palavra-chave para evitar o comércio ilegal de álcool a menores de idade.
A nova agenda da saúde passa, ainda, pelo estreitamento de relações com os gestores públicos municipais e o federal, para que os programas hoje desenvolvidos pelas três esferas de governo tenham a desejada sinergia, em benefício de todos os cidadãos que precisam do SUS.
Giovanni Guido Cerri, 57, médico e professor titular da FMUSP, é o novo secretário de Estado da Saúde de São Paulo