Este nosso país é muito interessante quanto aos assuntos políticos. Estamos no início de 2011, as eleições municipais serão apenas no próximo ano, bem no final e alguns já ficam elucubrando sobre quem será candidato a isso ou aquilo. Se esquecem que candidaturas passam por um grande funil e apenas alguns conseguem sair pelo buraquinho de baixo, que é pequeno.
Presidenta e governadores acabam de se instalar nos governos, senadores e deputados (federais e estaduais) ainda vão tomar posse, e nem sabemos o que vem por aí quando esse povo todo começar botar as manguinhas de fora. Por aí podemos perceber que fica muito difícil fazer elucubrações municipais. Portanto, fuçar nos assuntos municipais nesse momento, principalmente, para uma cidade como Votuporanga, que tem se saído muito bem por não perder muito tempo com discussões antecipadas, não é um favor que podemos fazer pela nossa comunidade. Tudo tem seu tempo e a seu tempo poderá com inteligência ser encaminhado pelos partidos locais. Enquanto isso vamos trabalhar e avançar.
Penso, isto sim, que é hora de nos preocuparmos como o novo governador vai se comportar em relação ao interior do Estado. Entendo que devemos estar atentos aos primeiros lances de sua administração que, até agora, sinalizou que as prioridades estarão concentradas na Grande São Paulo, Vale do Paraíba, litoral, e outras regiões metropolitanas. Basta verificar o secretariado que escolheu.
Quanto a prioridade (do governador) com as regiões citadas não deve ser motivo de críticas por ninguém, mesmo porque vivem por ali milhões de seres humanos que precisam ter qualidade de vida. Por outro lado, se pensarmos que em mais de cem mil quilômetros quadrados do resto do Estado vivem outros milhões, onde os benefícios também precisam chegar com competência, vamos perceber que isto não tem acontecido nos últimos anos e, penso até, que nunca aconteceram, com raríssimas exceções.
Que este articulista conheça não existe nenhum incentivo para a industrialização do interior e, principalmente, o número de escolas superiores públicas em determinadas áreas do Estado é raridade. E, falando em escolas superiores públicas gratuitas, são exatamente nessas áreas que a renda média é mais baixa e onde os jovens e as famílias possuem maiores necessidades. Visto assim, e lembrando de outras coisas mais, fico imaginando se não chegará algum momento em que a população interiorana não estará saturada de ser comandada por quem mora e administra de tão distante. Uma boa tarefa para nosso recém eleito Carlão fazer ver aos figurões lá de São Paulo.
O caso da Euclides da Cunha, que pensaram que me esqueci, cujo anúncio de que iria acontecer foi há exatos 453 dias e, até agora, efetivamente não começou, é um assunto que mostra não sermos prioridade para os “Deuses”. Até um governador, no exercício do mandato, esteve por aqui, assinou uma ordem cheia de interrogações, desrespeitando nossa inteligência e as vidas que são perdidas constantemente na rodovia. Entendido assim e raciocinando com a razão, em defesa de nossas coisas, dá para a gente imaginar que realmente a saturação, da qual falei acima, pode não estar tão distante.
Visto por essa lógica, ou pensamento, podemos perceber claramente que qualquer discussão política extemporânea que desvie a atenção das lideranças locais, da situação e mesmo da oposição, pode não ser muito interessante para a permanência de nosso bonito desenvolvimento. Pensem nisto.
Nasser Gorayb é comerciante e escreve neste espaço aos sábados - nasserartigo@terra.com.br