A semana passou, o domingão chegou. Hora de falar um pouco mais do fechamento dos supermercados, pois o tititi em relação à polêmica foi gigante por todos os cantos da cidade. Minha primeira abordagem, no domingo passado, abriu debate neste espaço (parabéns ao jornal A Cidade pela democratização do assunto).
Um leitor comparou o episódio a questões de outra órbita (política, etc.) e citou a balança ideológica que equilibra as relações entre capital e trabalho. Realmente, caro leitor, o mundo econômico se funda em interesses diversos. Vamos apenas citar a teoria da Mais-valia, de Karl Marx. Capital depende do trabalho (empregado) e capital (patrão) não existe sem a produção, por aí vai.
Evidentemente, no caso dos supermercados também é assim. Portanto, cada lado defenderá seu interesse até a morte. Outro ponto a esclarecer é quanto ao inconformismo com o trabalho dominical.
No regime capitalista, enquanto uns se divertem, estão de folga, outros trabalham. Seja limpando chão, cobrando bilhete de ônibus, pilotando aviões, etc. Respeito, porém, as questões religiosas, pertinentes ao tema.
Ah, amigão, jornalista também rala. A essa hora muitos estão em campo, independentemente se tem jornal amanhã ou na terça. Isso é questão das empresas que nos contratam.
Quanto ao ponto central da abordagem, a universalização dos direitos trabalhistas garante igualdade a todas as categorias. Assim, somos (os empregados) todos iguais e, unidos, nos tornamos fortes.
Já outro colega que escreveu buscou na legislação e na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), os argumentos para defender a folga dominical dos comerciários.
Bons preceitos jurídicos. Mas, fundamental destacar a soberania das Convenções Coletivas. Ou seja, a própria CLT abre opção do empregado e patrão determinarem a jornada de trabalho e outros detalhes da relação entre ambos em acordos.
Como bem mencionado anteriormente, o fechamento dos mercados é uma velha batalha travada entre os sindicatos (patronal e dos empregados). Acompanho desde o início.
Como trabalhador, reconheço a conquista dos colegas que estão de folga. Como consumidor, repito que dependo deles, inclusive hoje. Esse é foco de minha abordagem.
Então como encontrar a solução? Durante a semana sugeri, diretamente às partes, um regime de escala, até mesmo com a abertura de novos postos de trabalho. Assim, uma turma trabalha em um domingo, RECEBE UM BOM adicional no salário e folga no domingo seguinte (ou no dia que preferir), e assim sucessivamente. Fracassei.
Falou mais alto o convívio dos trabalhadores com a família, a sobrevivência dos ‘pequenos’ comerciantes que aumentaram as vendas, a melhora no faturamento nas bancas das feiras livres, etc. Do outro lado, a choradeira dos patrões com o aperto financeiro, agravado no janeirão.
Diante disso, concluo que a questão está sacramentada. Como cliente, prometo me adaptar.
José Luiz Lançoni - jornalista