471 dias depois, a estrada não começou ainda. E, repetindo, como terminei o último artigo: - “acreditemos no Carlão trabalhando e o Bispo rezando”. Talvez, só com essa conjunção de esforços, somada a todos os outros movimentos, veremos nossa estrada duplicada. Depois do Carnaval pode ser que alguma coisa aconteça. Aguardemos os próximos capítulos...
Mas não é uma decepção deste tipo que vai abater os ânimos de uma cidade e uma região como a nossa. Lembremos algumas coisas para que possamos manter nosso estado de espírito em bom astral, e perceber que o que temos por aqui foi fruto do esforço de nossa gente.
Décadas atrás não tínhamos Faculdades, porém, o espírito empreendedor de muitas pessoas fez com que tivéssemos nossa Unifev e, também, em Fernandópolis, Jales e Santa Fé. Tudo esforço local, sem governo do estado ou federal no meio. Por isso nossos jovens, mesmo tendo de pagar, encontram lugar para estudar. Queira Deus que essa escola técnica federal que está sendo construída aqui em Votuporanga possa oferecer alguns cursos superiores no futuro.
Também, em Votuporanga, Fernandópolis, Jales e Santa Fé, não temos nenhum hospital de governo. São as nossas Santas Casas, construídas pelo povo, que a custa de muitas lutas, mantém atendimento para a população. Os AMES vieram para esses lados porque o governo do estado encontrou na Santa Casa de Votuporanga um porto seguro para implementar esse projeto. Com isso, sem duvida, a região foi beneficiada.
A industrialização de algumas de nossas cidades aconteceu porque empreendedores locais tiveram a iniciativa de construírem suas fábricas, apesar de lutarem cotidianamente contra custos e outras dificuldades. As Prefeituras, por mais boa vontade que tenham, não tem muito a oferecer. Porém, graças a todos esses esforços, milhares de empregos existem por aqui. O Governo do Estado não liga a mínima para isto e não oferece incentivos.
Escrevi tudo isto, mesmo que alguns não gostem, para afirmar que nossa cidade e região precisam continuar lutando por seus interesses, pois, se éramos pequenas cidadezinhas e conseguimos tudo que possuímos, imaginem o que podemos fazer acontecer no futuro, agora que já estamos maiorzinhos.
Precisamos acreditar em nossos potenciais, incentivar e apoiar nossos representantes, a nível estadual e federal, para que sensibilizem os “donos das canetas”, fazendo que nos incluam nas prioridades de desenvolvimento.
O mundo visível do futuro exigirá pessoas com melhores níveis de aprendizado e educação e, também, produtos manufaturados com preços menores, para que possam competir nesse grande mercado planetário.
O grupo de pessoas que comanda o estado precisa entender que, em algum momento, as pessoas desse nosso interior pode se cansar de tê-los como governantes e, possivelmente, nem recebê-los para cortes de fitas de inauguração, de tão desanimados que estarão com suas promessas não cumpridas e seu descaso para com nossas necessidades.
Se nós fomos capazes de construir muito do que temos, porque não seremos capazes de repudiar quem não gosta da gente?
E, bom Carnaval para todos, tanto aos da Oba, quanto aos do Vale do SOL. Carnaval feito por gente daqui, como tudo.
Nasser Gorayb é comerciante e colabora com este jornal aos sábados