No último domingo, dia 10 foi comemorado o dia da pizza. Um prato que caiu no gosto dos brasileiros. Mas a pizza também se tornou sinônimo de impunidade no Brasil. A impunidade é fruto de uma legislação de causa própria que, me perdoe o trocadilho, impera desde o império, e não dava sinais de mudança. Eu digo não dava, pois na última semana o Procurador-geral da República, Roberto Gurgel pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF), que condene 37 dos 38 réus do processo do mensalão. Para Gurgel, só não existem provas contra o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken - e, portanto, ele deve ser absolvido.
O esquema do mensalão foi o principal escândalo do governo do ex-presidente Lula e envolveu autoridades influentes da época, como o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu. Uma CPI investigou a relação do Palácio do Planalto e de ministérios com as bancadas da base aliada e descobriu que o PT coordenava um esquema que usava sobras de doações da campanha de 2002 para fazer repasses sistemáticos aos partidos da base e pagar as dívidas eleitorais. Foram esses repasses que o delator do escândalo, também participante da roubalheira, o então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), batizou de “mensalão”.
Em outro esquema paralelo, o publicitário Marcos Valério mantinha contratos com ministérios e estatais que rendiam propinas para o caixa do PT e dos demais partidos aliados. Um dos contratos mais importantes era com a empresa Visanet, holding de cartões de crédito, onde ele mantinha um acordo especial para desviar dinheiro do cartão do Banco do Brasil-Visa.
Muitos parlamentares recebiam esse dinheiro das propinas sob condição de votar com o governo no Congresso Nacional. O mais impressionante é que o presidente Lula simplesmente disse que não sabia de nada, numa demonstração de profundo descaso com a nação. E o pior é que ele foi reeleito em 2006, não sei se por absoluta imprudência do povo brasileiro, ou pelo fato da oposição também estar suja.
Uma ação foi aberta no STF em 2007. A expectativa no é de que o julgamento do processo comece no fim deste ano ou no início de 2012.
Resta agora esperar que a condenação realmente aconteça, já que existe a possibilidade de prescrição.
Entretanto ficam algumas perguntas: e o nosso grandioso ex-presidente Lula não era o chefe de todos os comandantes do esquema do Mensalão? Com ele não vai acontecer nada? Quem matou o prefeito de Santo André? E o mensalão tucano? Como fica o deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB). Ele é acusado de desviar cerca de R$ 3,5 milhões das empresas estatais Companhia de Saneamento (COPASA), Companhia Mineradora (COMIG) e do Banco do Estado de Minas Gerais, no esquema de corrupção denominado Mensalão Mineiro (ou Mensalão Tucano).
Vivemos durante anos sob a batuta do autoritarismo militar, e hoje vivemos sob um regime de democracia pérfida, onde falamos o que pensamos, porém somos vítimas da realidade enganosa, que nos mantém reféns de pessoas que em um passado não muito distante, se diziam lutar pela liberdade. São todos, farinha do mesmo saco.
No passado muitos morriam acusados de comunismo. Hoje continuam morrendo, porém sempre em nome da democracia. É asqueroso ver a nossa presidenta trocar de ministros por corrupção em seis meses de governo, e a base governista lutar contra as investigações dos mesmos.
De quebra a presidenta ainda oferece tratamento de câncer para o presidente da Venezuela Hugo Chaves, enquanto muitos no Brasil morrem sem ter atendimento digno.
O jeito é pedir uma pizza de calabresa e torcer para que a próxima geração possa ser mais séria do que a nossa. Uma utopia? Talvez não, pois se pelo menos expressarmos nosso nojo, podemos deixar o legado de justiça para os nossos filhos. Que Deus nos ajude...
Fonte Consultada: Estadão
Antônio Lima Braga Júnior - toninho.braga@hotmail.com - Votuporanga