Toda pastoral surge da necessidade e da vocação da igreja em acolher a todos como seus filhos.
Essa experiência pioneira foi implantada na diocese de Jundiaí-SP encabeçada pelo Bispo D. Amaury Castanho e pelo casal Dr. João Bosco de Oliveira (ele separado e Dra. Aparecida de Fátima Fonseca Oliveira em 1983.
Era um caminho necessário a ser percorrido, enfrentando críticas com sabedoria e prudência, nas linhas e rumos apontados pelo Santo Padre João Paulo II em sua exortação apostólica familiaris consortio, de 1981.
Exortação que diz no nº 84: “Juntamente com o sínodo exorto vivamente os pastores e a toda comunidade dos fieis a ajudar os divorciados promovendo, com caridade solícita, que eles não se considerem separados da igreja, podendo, e melhor, devendo, enquanto batizados, participar de sua vida”.
“Sejam exortados a ouvir a palavra de Deus, a freqüentar o sacrifício da missa, a perseverar na oração, a incrementar as obras de caridade e as iniciativas da comunidade em favor da justiça, a educar os filhos na fé cristã, a cultivar os espírito e as obras de penitencia para, assim, implorarem dia-a-dia, a graça de Deus”.
“Reze por eles a igreja, encoraje-os, mostre-se, mãe misericordiosa e sustente-os na fé e na esperança”.
O que significa “casal em segunda união” no entendimento da igreja?
Considera-se “casal em segunda união”, no entendimento da igreja, aquele em que ambos os componentes dessa união, ou somente um deles, receberam o sacramento do matrimônio e, depois, passaram por uma separação ou divórcio, tendo-se unido posteriormente com outra pessoa, na procura humana de não viverem solitariamente, fazendo, todavia dessa união uma postura de vida comum, estável, séria, responsável e perseverante, na busca da formação de uma nova família, a Pastoral de Casais em Segunda União é mais uma pastoral de evangelização que de sacramentalização.
Como diz Frei Almir R. Guimarães: “ A Pastoral dos recasados orienta-se menos na linha da sacramentalização, não duvidamos de que o sacramento é o caminho normal da salvação. Deus, no entanto, sobretudo em circunstâncias especiais, tem seus próprios caminhos”.
Será a postura de um caminhar de mãos dadas, com tranqüilidade e paz de espírito, na procura de um crescimento na fé, na esperança, na caridade, na espiritualidade, na comunhão fraterna, na co-participação, no diálogo e na perseverança dos valores cristãos no casal, na família e na comunidade.
O sínodo dos Bispos, em 1980 dizia em uma de suas propostas: “a igreja, continuadora da presença e das obras de Cristo, não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva”.
Cada família se encontra em distintas etapas do caminho. Etapas que não podem ser a norma, parem, de alguma maneira, condicionam a resposta para ser a família ideal, a família possível, que Deus quer.
É evidente que a igreja tem como dever fundamental reafirmar e defender a indissolubilidade do matrimonio e o depósito da fé. O dom do sacramento, a graça sacramental, possibilita, ao mesmo tempo, o atendimento á vocação e o cumprimento da missão e dos esposos cristãos. Mesmo com a missão de guardar o Depósito da Fé, a Igreja acolhe e se debruça sobre todos os casais em segunda união, convidando-os a viverem uma experiência e um projeto do Deus e de Misericórdia para suas vidas, no amor e na fidelidade mútuos. Como lera Frei Almir Ribeiro Guimarão “de incluir em seus objetivos e preocupações somente as famílias regulares. Precisa também se ocupar dos casos difíceis, mormente os recasados”.
PASTORAL FAMILIAR - CASAIS EM SEGUNDA UNIÃO